Mais que encaminhar propostas concretas para acelerar o crescimento do País e resolver o endividamento dos Estados, os governadores aliados ao governo federal querem transformar o almoço amanhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um ato político. "Não haverá nenhuma faca no pescoço, queremos diálogo e não emparedamento. Não será uma reunião para pressão, mas um movimento político dos governadores que apóiam o presidente", afirmou hoje o governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda, um dos organizadores do encontro que deverá ter a presença de, pelo menos, 15 governadores do PT, PSB e PMDB
Antes do almoço, os governadores farão uma reunião preliminar em um hotel de Brasília para buscar "o mínimo de unidade", como definiu Déda. Para não repetir o que aconteceu com os ministros da área econômica, que receberam de volta de Lula o pacote fiscal por estar sem o foco do desenvolvimento, os governadores não querem passar pelo mesmo constrangimento. Apesar disso, reconhecem que, obviamente, a questão do endividamento estará na pauta
"Mas caberá ao presidente dizer o que pensa sobre isso", afirmou o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, afirmando que ninguém deve levar um documento a Lula. Mesmo acrescentando que o objetivo do encontro com o presidente não é neutralizar a oposição nem formar um bloco forte de adesão ao governo, os petistas Déda e Wagner estão classificando o grupo de governadores como "alinhados" ao presidente. Todos apoiaram a reeleição de Lula no primeiro ou segundo turno. "Temos identidade com o presidente", observou Déda.
Os dois petistas já tinham convidado todos os governadores do PMDB para o almoço, mas ainda não sabem quantos virão a Brasília. Para que a oposição não interprete a reunião como um confronto político, Jaques Wagner fez questão de telefonar para os governadores tucanos Aécio Neves e José Serra. A intenção é manter um clima político propício ao diálogo, já que o próprio Lula pretende conversar com todos os governadores.
Com essa proximidade com Lula, os governadores aliados acham que podem colaborar, inclusive, com a formação do governo de coalizão. "Podemos reforçar a perspectiva de coalizão nos nossos partidos", disse Déda.
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