Decoradora de São Paulo fez mudança radical em duplex

São Paulo (AE) – A decoradora Judith Kovesi levou um susto quando entrou pela primeira vez no duplex de 400 metros quadrados, na região dos Jardins, em São Paulo. ?Não tinha pé nem cabeça. Como havia passado pelas mãos de muitos proprietários, o apartamento estava desfigurado?, conta Judith. A sala era comprida e escura, com pé-direito baixo e duas colunas no meio, plantadas ali para desviar o encanamento dos banheiros. ?O projeto já tinha começado errado, como dava para perceber na má distribuição dos ambientes?, revela.

A cozinha era minúscula, ?inconcebível numa cobertura localizada em área tão nobre? – e, entre ela e a área de serviço, uma escada levava à área íntima no andar superior. ?Quem estava perto da pia ou do fogão, mal podia se mexer. Só com a retirada dessa escada, ganhei mais de 2,80 metros?, diz. O ponto de partida foi solucionar o espaço da sala de estar. Judith decidiu construir uma meia parede a alguns passos da porta de entrada, criando um hall para amenizar o formato comprido da sala. Em seguida, derrubou as colunas e levantou o piso para desviar o encanamento até uma extremidade do ambiente, mais tarde escondido na última prateleira de uma estante que ela própria desenhou. Para ?subir? o pé-direito, buscou artifícios, como o uso de mármore branco no piso (placas de 60 cm x 60 cm) e pontos de luz embutidos no teto.

Judith também levantou uma parede entre o living e a sala de jantar para esconder a escada que ficava à mostra e retirou uma porta de acesso à área de refeições. ?A sala de jantar era pequena e a nova parede serviu para apoiar o aparador?, detalha. ?Além disso, fiz um recorte no teto, em cima da mesa, para aumentar a sensação de amplitude. E, como a família quis manter a sala de almoço por questão de privacidade, optei por colocar uma porta de correr para separar os dois ambientes?.

Madeira, mármore e design

Na escada que leva ao piso superior, a decoradora substituiu a madeira por mármore e fez corrimão de aço para seguir o ar contemporâneo em decoração. No final dela, criou o escritório, usando madeira para a estante. ?Quis um pouco de clássico e a poltrona Le Corbusier ilustrou minha idéia?, diz. Ela ainda transformou, nesse andar, um ?quarto de bagunça? em minicopa e despensa e fez da antiga área de serviço o home theater aberto para o corredor que leva às suítes. ?A boiserie deu toque nobre ao ambiente?, opina. A estante em madeira compensada e folhas de imbuia acomoda aparelhos de som e TV, entre outros.

Na decoração do andar inferior, Judith imprimiu um conceito inusitado, mas de impacto: usou cinza-azulado nas paredes, na forração dos estofados e nas cortinas, em xantungue de seda. ?A cor neutra acabou combinando com o mármore, a prataria e os cristais?, avalia. ?Além disso, o cinza-azulado é acolhedor?.

Judith teve ainda o capricho de embutir recortes com fundo cromado nas paredes para reforçar sua idéia de modernidade. Esse conceito, presente na grande estante em madeira pintada de branco e vidro, é ?quebrado? pelas inúmeras peças de antiquário, herança de família da proprietária, como poltronas bergère, bancos franceses, mesinhas de canto marchetadas ou com tampo de mármore e tapetes persas. Nas paredes, telas de Bonadei, Scliar e Volpi.

O ponto final (que deveria ser o começo) foi no hall do elevador A decoradora brincou com a geometria no piso, pendurou arandelas de aço e arrematou com duas cadeiras Mackintosh em madeira. ?Daqui já dá para imaginar o apartamento. Jamais usaria aparador com flores artificiais e espelho na parede?, revela.

Para Judith, que dividiu o projeto de reforma com Ita Rodrigues, vão passar cinco, dez anos, e esse duplex jamais parecerá ultrapassado. ?A estampa, por exemplo, marca datas, por isso, procuro evitá-las. Prefiro coisas eternas?.

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