O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerrou ontem a última reunião de 2006, e também do atual mandato, com um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) agora em 13,25% ao ano – o menor nível desde que essa taxa foi criada em 1986. A redução, no entanto, não foi capaz de tirar o País da liderança dos maiores juros reais (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) do mundo, de 8,7% ao ano.
Apesar de confirmar a expectativa majoritária do mercado, a decisão, sem viés (tendência) trouxe uma surpresa: a falta de unanimidade na redução. Foram cinco votos a favor de um corte de 0,50 ponto e três a favor de 0,25 ponto. A última vez que isso ocorreu foi em março deste ano. A divisão entre os diretores do BC foi entendida pelo mercado financeiro como um sinal de que o ritmo de queda da Selic pode cair a partir da próxima reunião, marcada para 23 e 24 de janeiro de 2007. Mesmo assim, a expectativa é de continuidade da redução dos juros.
No breve comunicado após o encontro, os dirigentes que compõem o Copom repetiram a frase das últimas reuniões: "Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 13,25% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela redução da taxa Selic em 0,25 ponto porcentual".
Trata-se do 12º corte consecutivo, desde setembro do ano passado quando teve início a queda da Selic. Nesse período, os dirigentes do BC reduziram os juros em 6,5 pontos porcentuais, de 19,75% para 13,25% ao ano. Foram três reduções de 0,75 ponto porcentual, oito de 0,50 ponto e uma de 0,25 ponto. Comparado com o início do primeiro mandato de Lula, a taxa Selic caiu 12 25 pontos porcentuais.
Para o consumidor, as quedas ainda parecem imperceptíveis no bolso. Segundo pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa média de juros cobrada do consumidor pessoa física caiu de 8,34%, em dezembro de 2002, para 7,39%, agora.