O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de diminuir o ritmo da queda da taxa básica (Selic) de juros não reverterá a expectativa de crescimento econômico. Na quarta-feira, o Copom reduziu a Selic em apenas 0,25 ponto porcentual, interrompendo uma seqüência de quedas de 0,50 ponto a cada reunião. ?Isso não se contrapõe ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)?, afirmou.
Em entrevista no Palácio do Planalto, Tarso observou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre demonstrou respeito pela ?autonomia técnica? que conferiu ao Banco Central e aos integrantes do Copom. ?O presidente Lula confere autonomia técnica ao Banco Central e respeita essa autonomia?, disse o ministro. ?É óbvio que grande parte da sociedade brasileira esperava uma taxa de juros ainda mais reduzida.?
Ele acrescentou que o presidente Lula não ?politizou? a questão da taxa básica de juros. O ministro ressaltou que a decisão do Copom não terá impacto nas expectativas dos que defendem o PAC. ?Até podemos achar que (o crescimento) será em ritmo menor, porque a sociedade brasileira esperava um declínio maior dos juros?, ressalvou Tarso.
Na avaliação dele, o que gera crescimento econômico são ?medidas de Estado?, como as incluídas no PAC, e uma expectativa positiva em relação à taxa de juros. Genro lembrou que o programa prevê a construção de obras tocadas pela iniciativa privada e financiadas pelo governo.
O ministro evitou comentar a declaração divulgada ontem pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que sugeriu a renúncia do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por considerar que a decisão do Copom foi contrária ao crescimento da economia. ?Essa é uma opinião do José Dirceu. No governo, não há nenhum comentário sobre isso?, afirmou.
Tarso disse não considerar precipitada a decisão do governo de anunciar as medidas do PAC antes da reunião de anteontem do Copom. ?Seria equivocado anunciar o conteúdo do PAC depois da decisão do BC. Acho que o PAC foi levado em conta pelo Banco Central?, declarou.