A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, foi mal recebida até mesmo por deputados da base aliada do governo. Petistas criticaram a decisão e argumentam que ela pode pôr em risco o Programa de Aceleração da Economia (PAC), lançado na segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"Lá na frente essa decisão pode atrapalhar o PAC. A redução tinha de ser, no mínimo, de 0,50 ponto percentual. Há espaço para isso", afirmou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Ele destacou que estudos feitos não apenas pelo governo mas também pelo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT, mostravam que a havia espaço para uma diminuição maior da Selic. "Assim, fica difícil de o PAC ser levado", anotou.

Outro deputado do partido do presidente Lula, Paulo Delgado (PT-MG), também lamentou a decisão do Copom em reduzir apenas em 0,25 a Selic. "Seguramente isso atrapalha o PAC", comentou, criticando, em seguida, o Copom. Para Delgado, "o Copom atua tendo a moeda como ficção". E prosseguiu: "O Copom não tem compromisso com a reprodução da moeda. É um organismo superado, que coloca a autoridade monetária acima da autoridade política."

Oposição

A decisão do Copom provocou críticas também entre a oposição. Para o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), foi o sinal de que o PAC não é para valer. "Está provado que o PAC é apenas um enunciado de intenções. Para funcionar, precisa de investimentos privados e 5% de crescimento, caso contrário não atrai nada. E essa taxa de 0,25% mostra que ninguém está interessado no crescimento, portanto, não haverá atração de capital privado", disse ele.

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Já o senador Jefferson Péres (PDT-AM), um crítico do governo, disse que gostou da decisão do Banco Central, não pela questão econômica, mas pelo significado político. "Gostaria muito de ter uma redução maior, 0,5% ou, talvez, até 0,75%, mas o Banco Central está sendo cauteloso. Há um aspecto positivo nesse diminuição pequena", disse ele. "Na segunda-feira, o governo, pelo Guido Mantega (ministro da Fazenda), cobrou publicamente a redução maior. E o BC, ao fazer uma redução tão pequena, mostrou sua independência. Isso sinaliza para os agentes econômicos que o BC não vai enveredar pelo populismo monetário. Foi uma sinalização boa", disse Peres.