De Rato diz que Brasil precisa cortar gastos

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, insistiu ontem em conversa com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que o Brasil faça uma reforma tributária e reduza os gastos do governo. O encontro entre os dois ocorreu à margem da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basiléia. No domingo, Rato já havia afirmado à imprensa que o Brasil precisaria fazer reformas para crescer.

Rato sugere a diminuição da arrecadação tributária para gerar mais recursos ao setor privado. Na avaliação do FMI, o setor produtivo precisa contar com um espaço suficiente para tirar proveito do crescimento da economia mundial, que vem acumulando bons resultados há quatro anos, sem que o Brasil possa acompanhar.

Mas, para que esse corte de impostos ocorra, Rato acha que deve haver um corte de gastos do Estado. Segundo o diretor do FMI, países que estão crescendo a taxas elevadas, como o Chile, têm despesas primárias públicas de cerca de 20% do PIB. Na China, a taxa chega a ser ainda menor, enquanto no Brasil é de 34%. Não por acaso, Rato acredita que o tamanho do Estado no País ainda seja ?grande demais? e as despesas públicas precisam ser reduzidas.

No BC, isso é visto como uma ?questão política da sociedade?, que envolveria mudanças como uma aposentaria mais tardia. De fato, Rato também fala na necessidade de o País fazer as reformas da previdência e trabalhista e não apenas se concentrar na estabilidade macroeconômica. Um dos pontos destacados por Rato nas declarações à imprensa no fim de semana foi ainda uma mudança no setor financeiro, para dar mais flexibilidade ao setor privado.

Competividade

Nos últimos meses, várias medidas vêm sendo adotadas pelo governo para dar competitividade ao setor financeiro. Uma delas seria a conta salário, válida a partir de 2 de abril.

Outra medida é uma central de riscos, que seria criada pelo BC. Com a central, todas as operações de uma pessoa ou empresa estarão num histórico no BC que poderá ser consultado pelos bancos. Para o BC, isso permitirá que o tomador de crédito possa negociar melhor.

Hoje, a central tem informações apenas acima de R$ 5 mil de crédito. Mas, em junho, incluirá os dados acima de R$ 3 mil e, em 2008, acima de R$ 1 mil. A meta seria ajudar as pequenas empresas. O aumento da competitividade no setor financeiro ainda poderá ocorrer na área de portabilidade do crédito e do cadastro positivo, que completará a central de riscos. Isso, porém, ainda dependerá de mudanças legais.

Na noite de hoje, Meirelles embarca de volta para o Brasil. Durante o dia, estará na Basiléia e, à tarde, em Zurique. O BC, porém, não divulgou sua agenda para hoje.

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