Não é de se surpreender com os números divulgados ontem pela Polícia Rodoviária Federal sobre as ocorrências da operação Grau Zero que foi levar à risca as normas da Lei 11.705, que impede que motoristas dirijam após consumir qualquer quantidade de bebida alcoólica (a rigor, o limite é de dois decigramas de álcool por litro de sangue, menos de dois copos de chope). Em todo o País, foram 296 motoristas presos e 369 multados em dez dias de vigência da ?lei seca?. No Paraná, 37 multas e 26 prisões, quase 10% do total nacional.
A decisão do governo federal em restringir drasticamente o consumo de bebidas alcoólicas nas estradas é apenas mais um passo na cruzada oficial contra o álcool. Está tramitando no Congresso Nacional uma Medida Provisória que impediria anúncios de bebidas na televisão o assunto ?trancou? a pauta da Câmara e foi deixada de lado, mas logo o caso deve ser retomado.
Apesar de certa intransigência, há razões para tanta luta. No caso da Lei 11.705, a tendência de aumento nos acidentes era tão evidente que alguma coisa precisaria ser feita. E como o Brasil sofre com leis que ?pegam? e ?não pegam?, a opção do governo foi brecar em definitivo a venda e consumo de bebidas alcoólicas nas estradas. Logo tal obrigação chegará às ruas das cidades.
E não é errado. É necessário ficar de olho nos que transgridem. Antes evitar o risco que corrê-lo desnecessariamente. Mas a polícia e os órgãos oficiais precisam manter a vigilância a todo tempo, não apenas nos primeiros dias da nova lei ou nos feriados prolongados A vida não é feita só destas datas – há dias de semana com motoristas nos carros e caminhões, finais de semana de sol que levam as famílias para o litoral (ou de chuva que atraem o público para as chácaras ou fazendas).
E a ameaça está sempre na espreita, esperando para que alguém literalmente avance o sinal e cometa algum deslize. Deslizes, neste caso, têm quase sempre um final trágico.