Brasília – Dez em cada cem pessoas que tentam se matar tentarão o suicídio novamente ao longo da vida. Dessas dez, cinco tentam de novo no mês seguinte à primeira tentativa. A afirmação é do psiquiatra José Manoel Bertolote, coordenador da equipe de gestão dos transtornos mentais e cerebrais do departamento de Saúde Mental e Abuso de Substância da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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?Quem tenta se matar ou dá sinais de que quer cometer suicídio está em uma crise de vida muito profunda?, diz. ?A primeira atitude é aproximar-se dessa pessoa e oferecer ajuda, colocando-a em contato com um profissional de saúde que vai poder avaliar o risco de forma mais precisa?.

Segundo o psiquiatra Carlos Felipe Almeida, coordenador das Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, na maioria das vezes, antes de tentar o suicídio, as pessoas procuram atendimento. Daí a importância de ter profissionais capazes de acolher essas pessoas e identificar comportamentos suicidas.

Muitas vezes, porém, não é preciso ser profissional para perceber que alguém não está bem e que isso pode levá-lo a tirar a própria vida. ?As pessoas geralmente expressam isso com frases populares, do tipo ?não agüento mais?, que mostram desespero e desesperança, ansiedade e depressão?, diz o psicólogo Marcelo Tavares, coordenador do Núcleo de Intervenção em Crise e de Prevenção do Suicídio da Universidade de Brasília (UnB).

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Nesses casos, segundo ele, o melhor a fazer é olhar essas queixas com atenção e não pensar que isso é uma bobagem. ?Isso não é verdade, há um mito de que quem quer se matar não anuncia, se mata?, diz, acrescentando que esse tipo de postura pode desestimular a procura por ajuda.

Tavares acrescenta que existem aqueles que se recusam a receber tratamento. "Suponha que você tem um familiar que não quer buscar tratamento. Vá você, porque é possível envolver e mobilizar a família, e isso pode levar a pessoa a se ajudar".

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Em muitas situações, o tratamento envolve terapia e acompanhamento psiquiátrico. "A medicação ajuda a ter um alívio imediato, mas não atua na essência do problema", diz Tavares. "Por isso a terapia. É preciso compreender como essa pessoa chegou lá para entender como ela pode sair de lá".