De acordo com Pereira, indicação de irmãos não é nepotismo

O ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira disse hoje, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que não considera "nenhum tipo de nepotismo" os irmãos Ana Lúcia e Ademir terem sido indicados para cargos no governo, em resposta a questionamento do deputado Onix Lorenzoni (PFL-RS).

Pereira disse que Ana Lúcia tem 30 anos de serviço público e, portanto, competência para assumir cargos públicos. Lorenzoni questionou também quem paga os honorários do advogado que o assessora na CPI, Arnaldo Malheiros, que também defende o ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares.

O ex-secretário-geral do PT afirmou que Malheiros foi indicado pelo partido. Pereira afirmou que "o PT o contratou", quando retorquido sobre se ele o contratara.

"Quem vai pagar?", perguntou o deputado do PFL do Rio Grande do Sul. "O PT", respondeu o ex-secretário-geral. "Com caixa dois?", continuou Lorenzoni. "Com recursos do partido", retrucou Pereira.

"Temos várias formas de arrecadação; eu já expliquei isso antes", respondeu. O deputado do PFL insinuou que quem indicou o advogado teria sido o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dando a entender também que Delúbio teria se encontrado com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, por interferência de Bastos .

Lorenzoni declarou ainda que considera insuficiente o salário de R$ 9 mil que o ex-secretário recebe do PT para produzir um patrimônio que inclui um carro Land Rover.

Pereira não comentou a afirmação do deputado, que questionou se ele conhecia Tito Valadares Roquette Neto, obtendo resposta negativa. Lorenzoni prosseguiu afirmando que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse que o ex-secretário, assim como o deputado José Dirceu (PT-SP), sabiam porque eram fiadores de acordo feito entre empresas de Valério e a legenda.

O deputado questionou se ele tinha dado o aval ao empresário. "Não confirmo", afirmou Pereira, confirmando, entretanto, que, em parte, a agenda da ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio, sobre o encontro dele com o empresário é verdadeira.

Pereira disse que a primeira reunião com Valério ocorreu em 2003, mas que não lembra o mês. "Em parte, é verdadeira a agenda, mas não, necessariamente, nas datas e locais informados" acentuou.

Lorenzoni perguntou quanto custaram as eleições municipais para a sigla em 2004. Pereira não respondeu, procurando distanciar as atividades na agremiação de assuntos financeiros. "Eu não acompanhei o orçamento em cada uma das cidades. Eu fui testemunha ocular das dificuldades do PT", acrescentou o ex-secretário, adiantando que não participou das atividades de campanha em Osasco, na Grande São Paulo, cidade de origem dele.

Pereira admitiu que é homem de confiança do PT e avaliou que, nessa direção, estariam também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dirceu. O ex-secretário admitiu conhecer Raimundo Ferreira Júnior e o presidente do partido no Distrito Federal, Wilmar Lacerda, que fariam parte do grupo dos que eram autorizados pelo ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT a receber dinheiro no Banco Rural. Pereira advertiu, no entanto, que desconhecia a transação na instituição financeira.

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