Em sua argumentação de duas horas diante do 1.º Tribunal do Júri que julga Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Christian Cravinhos, o promotor Roberto Tardelli acusou o casal de ex-namorados de ter planejado junto o assassinato dos pais dela, Manfred e Marísia von Richthofen. "Os dois estavam juntos nessa. Era o casamento perfeito entre o cérebro e a coragem". Tardelli classificou o crime como "um dos assassinatos mais sórdidos e macabros a que se tem notícia".
Os três são réus confessos do assassinato dos pais dela, Manfred e Marísia, em 2002. A expectativa é que a sentença seja proferida na madrugada de Sábado. Para o promotor, que disse anteriormente que vai pedir uma pena de 50 anos para cada um dos réus, se a justiça funcionar, "eles ficarão na cadeia até depois de 40 anos".
Após terminada a argumentação de Tardelli, o promotor Nadir de Campos tomou a palavra. No começo de sua fala, levou Daniel Cravinhos a chorar, ao dizer que o que ele fez é asqueroso. Exaltado, o promotor fez gestos imitando os golpes dados no casal Richthofen. Chorando copiosamente, Daniel levou às mãos ao rosto e foi consolado por seu irmão, Christian. O advogado dos Cravinhos, Geraldo Jabur entregou um lenço para seu cliente, que foi retirado do plenário, acompanhado do irmão, a pedido da advogada Gislaine Jabur.
Nadir voltou a citar o espírito Negão, que Tardelli ridicularizou em sua exposição e disse que Suzane precisa admitir sua culpa. O espírito, citado por Suzane em seu depoimento e que teria dominado Daniel para que as mortes acontecessem. Ele considera a história fantasiosa e "uma forma de dizer que o crime foi cometido por uma gentalha". Uma coincidência levou o plenário à dar risada. Ao falar que o espírito apareceu, o promotor Nadir de Campos Júnior, que é negro e estava fora da sala, entrou e ficou de frente para Tardelli. "O senhor apareceu bem no instante que eu citava o espírito Negão", brincou Tardelli com o outro promotor.
Os promotores Roberto Tardelli e Nadir de Campos vão tentar convencer os jurados de que os réus agiram por motivo torpe (interesse pela herança, no caso de Suzane, e crime para obter pagamento, por parte de Daniel e Christian), meio cruel (golpes com barras de ferro e asfixia de Marísia) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima (o casal dormia).
Os advogados dos réus, em seguida, também terão três horas – provavelmente, metade para cada defesa. Geraldo Jabur dirá que Daniel foi induzido por Suzane a cometer o crime e que Christian entrou na história por amor ao irmão. Mauro Otávio Nacif sustentará a versão da moça rica, virginal, obcecada pelo então namorado interesseiro e envolvida na trama por ele.
Também haverá uma hora de réplica e outra de tréplica. Em seguida, será feita a votação dos jurados, que se reunirão em um sala secreta por aproximadamente uma hora, e somente depois será dada a sentença.
Cálculo da pena
Na sala secreta, os jurados ficam com dois papéis nas mãos – sim e não. O juiz faz a pergunta, um servidor público passa com um saco recolhendo os votos e entrega a ele. Em seguida, ele recolhe também os papéis não depositados, para que não se identifique a opinião de cada um. O magistrado conta os votos, os papéis são devolvidos e tudo recomeça.
O júri responderá a uma série de quesitos, formulados pelo juiz, que abordarão a autoria dos crimes e as teses das defesas. Em seguida, serão questionados sobre as qualificadoras e circunstâncias atenuantes. Além do homicídio, os três respondem por fraude processual e Christian, também por furto. O juiz Alberto Anderson Filho decidirá então pela pena. O cálculo depende muito da linha de pensamento do juiz. A princípio, seria entre 12 e 30 anos.