Brasília ? O diretor do banco banco Opportunity, Daniel Dantas, disse que se sentiu prejudicado pelo governo. "Houve ameaças, fomos prejudicados, fomos discriminados", afirmou à Comissão de Constituição e Justiça do Senado onde presta depoimento com sua irmã Verônica Dantas. Dantas descartou qualquer tipo de ameaça feita pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, e acusou Cássio Casseb. "Não entendo na conversa com Delúbio Soares qualquer tipo de ameaça. Na conversa com Casseb, que disse que falava em nome do governo, era uma clara ameaça", afirmou.
Dantas disse que começou a sentir hostilidade desde o primeiro dia de governo. Segundo ele, uma das causas foi o fato de Carlos Rodemburg, do Opportunity, ter devolvido, antes mesmo da posse do presidente, uma caixa com material do Partido dos Trabalhadores, que seria um pedido de contribuição, entregue por Ivan Guimarães. "Isso foi visto como um ato hostil", afirmou.
Depois disso, em 2003, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares se encontrou com Rodemburg em Brasília. Na ocasião, segundo Dantas, Delúbio disse que havia uma dificuldade financeira no partido na ordem de U$ 50 milhões, e perguntou se era possível resolver esse problema. "Obtive do Citibank a autorização de poder responder que algo nessa dimensão não seria possível, porque contrariava as leis americanas", contou. Segundo o empresário, em nenhum momento, durante conversa com Delúbio, foi tratada de qualquer vantagem. "Até porque não é nossa forma de trabalhar. O que nós queríamos apenas era ter o direito de trabalhar em paz e dentro da lei", afirmou.
Depois disso, Dantas disse ter se encontrado com o então ministro da Casa Civil José Dirceu. O banqueiro contou que o ministro foi educado ao dizer que havia um problema entre os fundos de pensão que precisava ser resolvido. "Disse que os fundos de pensão detinham participação societária, mas não tinham controle."
Após esse encontro, Dantas teve uma reunião com Cássio Casseb. Ao contrário do encontro com Delúbio, audiência foi "dura", como disse o banqueiro. "Reunião muito dura, onde ele disse claramente que falava em nome do governo e que nós teríamos que entregar todos os nossos direitos ou então iríamos estar desagradando fortemente o governo", afirmou.
Após a conversa com o Citibank, a instituição financeira enviou carta a Casseb dizendo que não podia concordar com o que foi solicitado. Dantas contou ainda que avisou a instituição financeira que "estaria havendo algo estranho". Ele citou que o BNDES aprovou crédito para companhias de telefonia móvel, mas não liberava o dinheiro para a Brasil Telecom.
Dantas ainda levantou suspeitas sobre os interesses de Casseb, que segundo o banqueiro havia atuado como conselheiro da Telecom Itália, antes de estar no Banco do Brasil. "Meu sentimento era de que o pretexto era proteger fundos de pensão, mas na realidade era proteger a Telecom Itália", considerou.
Segundo o banqueiro, Casseb falou com Artur Carvalho, sócio de Dantas. Na conversa, disse que aquela era a última oportunidade para acatar a solicitação, caso contrário, seriam atropelados. "Fomos. Passado algum tempo, os fundos de pensão de uniram, nos destituíram da administração do fundo desrespeitando o contrato e daí por diante tivemos uma série de iniciativas em que fomos tratados de forma discriminatória pelo Estado."