Dados do Ministério da Saúde do Iraque revelam que não houve redução no número de mortes violentas em Bagdá no mês passado em relação a julho – contrariando anúncio do Exército dos Estados Unidos de queda de 52% no período. De acordo com os dados divulgados hoje pelo Ministério, mais de 1.500 mortes violentas ocorreram em agosto, praticamente o mesmo número verificado no mês anterior, quando teve início a campanha das tropas americanas para reduzir a violência na capital iraquiana.
A contagem final da violência é também quase três vezes maior que a avaliação preliminar feita na semana passada pelo Ministério, quando se contavam 550 mortes violentas. Se confirmados os números, eles colocam em dúvida as afirmações de autoridades iraquianas e americanas de que houve redução no nível de violência desde que a campanha teve início, em 7 de agosto.
Questionado sobre os números, o tenente-coronel Barry Johnson, porta-voz do Exército dos EUA, fez referência às informações que estão no site da instituição na internet, o qual afirma que a taxa de assassinatos em Bagdá caiu 52% em agosto na comparação com julho. "A violência que Bagdá sofreu em julho foi reduzida em agosto", informa o site do Exército. "Os ataques em Bagdá foram menores que a média mensal verificada em julho.
Autoridade iraquianas não explicaram as diferenças entre as estatísticas preliminares e as consolidadas de agosto, que talvez possa ser explicado pelas mortes ocorridas na última semana, quando mais de 250 foram mortas. O médico Riad Abdul Amir, do departamento de estatísticas do Ministério da Saúde, não foi encontrado para explicar a diferença entre as estatísticas preliminares e os dados finais.
O Vice-ministro da Saúde do Iraque, Salud Hakem al-Zamly, indicou que o número de mortes violentas ocorridas em agosto foi de 1.536, baseado em dados do necrotério da cidade. O número é praticamente o mesmo que o de julho, afirmou o ministro.
Dados precisos sobre as mortes são difíceis de se obter em um país no qual as instituições mal funcionam. No entanto, avaliar a exata proporção da violência é importante para evitar que os dados sejam usados para um tipo de campanha no qual autoridades iraquianas e americanas afirmam que a violência está caindo. No mês passado, o major general William B. Caldweel, também porta-voz do Exército americano, afirmara que a taxa de assassinatos em Bagdá caíra 42% entre julho e agosto. Mouwafak al-Rubaie, conselheiro nacional de segurança do Iraque, insistiu na semana passada que as execuções e a violência sectária haviam caído 45% nas últimas seis semanas.