A caixa-preta do jato Legacy começou a ser analisada ontem por peritos da Aeronáutica e técnicos da Embraer, em São José dos Campos (SP). O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o primeiro relatório, preliminar, será emitido na quarta-feira. Os dados contidos no equipamento são considerados fundamentais para apurar as causas do acidente.
A caixa-preta é blindada e dispõe de dois dispositivos fundamentais para o controles de registro das aeronaves . O cockpit voice recorder (gravador de voz) registra todos os contatos mantidos via rádio entre o comandante da aeronave e os controladores de vôo. Já o flight data recorder (gravador de vôo) armazena os dados técnicos do jato, como mudanças de rota, de altitude, entre outros. O equipamento aponta possíveis falhas eletrônicas ou mecânicas ocorridas durante o vôo.
‘Essa análise revelará, por exemplo, se o Legacy apresentava alguma pane no momento da colisão’, explica um oficial da Aeronáutica. Com o registro de voz será possível determinar o horário exato e o conteúdo da última conversa mantida entre o comandante do jato e os controladores do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo (Cindacta-1), responsável pelas regiões Centro-Oeste e Centro-Sul do País.
Técnicos da Aeronáutica já constataram que o comandante do Legacy não havia recebido autorização para mudar o seu nível de vôo. Os controladores de vôo ainda tentaram alertar o piloto sobre a rota de colisão, mas não tiveram sucesso. Assim que o equipamento for localizado, ele também será enviado aos laboratórios do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) em São José dos Campos.
A tripulação do jato Legacy será ouvida a partir de hoje pela comissão técnica de investigação, mas a diretora não soube precisar o local em que serão ouvidos. Eles estão hospedados em São José. A primeira informação dos pilotos do Legacy aos militares é de que o aparelho utilizado para rastrear outras aeronaves (transponder) do jato estava funcionando ao sair da fábrica e ao pousar na base do Cachimbo foi testado e estava em boas condições.
As autoridades brasileiras solicitaram aos Estados Unidos auxílio nas investigações sobre a queda do Boeing da Gol. Técnicos da agência National Transportation Safety Board, autarquia do governo americano responsável por apurar as causas de acidentes aéreos, terrestres e marítimos, devem ser enviados ao Brasil. As investigações também devem ganhar o reforço de equipes da Boeing e da ExcelAire, dona do Legacy envolvido no acidente, conforme confirmado pelas empresas.
A NTSB é umas das mais conceituadas agências de investigações americanas e responde por fazer recomendações para a melhoria da segurança no transporte. Colaboraram Sonia Filgueiras e Adriana Carranc.