CVM suspende movimentação nos fundos da gestora do Banco Santos

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu hoje, por 30 dias, a movimentação nos fundos de investimentos administrados pela gestora de recursos do Banco Santos, sob intervenção do Banco Central desde sexta-feira. A medida foi solicitada à autarquia pelo interventor Vânio Cesar Pickler Aguiar, interventor indicado pelo BC na instituição. Mas o Grupo Santos já estava na mira da CVM há dois meses. Tanto que a autarquia aguarda apenas a conclusão de um relatório da área de fiscalização para decidir se abre ou não inquérito para investigar possíveis irregularidades na gestão dos fundos.

"Acredito que o relatório deve ser concluído até o final do mês. Se houver algo podemos abrir inquérito. Existem boatos de que haveria problemas nos fundos", afirmou o superintendente de Relações com Investidores Institucionais da CVM, Carlos Eduardo Sussekind. Segundo ele, a intervenção deve acelerar ainda mais as investigações e trazer "tudo às claras." O executivo explica que a intenção ao suspender a movimentação nos fundos é evitar que os primeiros cotistas a sacarem seus recursos saiam beneficiados e os últimos fiquem com os maiores prejuízos. Isto porque existe a possibilidade dos ativos que compõem a carteira dos fundos estarem superavaliados. Neste caso haverá um ajuste de contas que tende a reduzir o valor da cota. O investidor que sai primeiro sofre menos com este acerto.

Durante o prazo pedido pelo interventor, a nova administração do Banco Santos irá analisar a composição dos fundos para avaliar se todos os investimentos estão corretamente precificados.

Na opinião de Sussekind, o prazo dessa análise pode ser até inferior aos 30 dias previstos inicialmente. O maior problema está nos fundos com mais de um cotista e com aplicações mais arriscadas, como o fundo Credit Yield. Boa parte do ativo que compõe esta aplicação está em operações de crédito para empresas feitas pelo banco e compradas pelo fundo na forma de Cédulas de Crédito Bancário (CCB). Esse é um título comprado de uma pessoa física ou jurídica sem a garantia de uma instituição financeira.

Sussekind destaca ainda que o cotista que aplicou recursos em fundos conservadores não terá nenhuma perda. Segundo ele, apesar desse tipo de investimento não ser contemplado pelo seguro de R$ 20 mil como os CDBs, os fundos têm a vantagem de ter suas operações totalmente separada do banco. "O cotista só vai perder se ele aplicar em um fundo ruim. Na maioria dos casos ele recebe 100% do que investiu", avaliou.

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