A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já recebeu da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) parte das informações sobre quem operou com ações da Ipiranga dias antes do anúncio oficial venda do grupo para o consórcio formado pela Petrobras, Ultra e Braskem. A movimentação atípica com os papéis das empresas despertou na autarquia a desconfiança de que houve vazamento de informação no caso.
O superintendente de Relações com Mercado e Intermediários, Waldir de Jesus Nobre, disse que o restante das informações chegará ao órgão até amanhã. A autarquia pediu a lista de quem operou durante o mês de março com as ações das empresas que compõem o grupo Ipiranga.
Com base nestes dados, a CVM irá apurar se alguém beneficiou com o uso de informação privilegiada no mercado financeiro. Ontem, a superintendente de Relações com Empresas do órgão, Elizabeth Lopez Rios Machado, informou que um dos indícios de que houve ‘insider’ (informação privilegiada) durante as negociações para venda do grupo Ipiranga foi o fato da movimentação atípica ter se concentrado nas ações ordinárias da empresa. Segundo ela, as investigações podem resultar na abertura de um inquérito administrativo.
O órgão informou ainda que recebeu na tarde de ontem as respostas dos diretores de Relações com Investidores das empresas do Grupo Ipiranga. Além dos esclarecimentos pedidos sobre a movimentação atípica com papéis do grupo, a CVM solicitou informações aos executivos sobre o assunto em relação à postura deles no caso.
Pela instrução 358, os diretores de RI são responsáveis pela divulgação de fato relevante sempre que houver indícios de que uma informação importante para a companhia vazou. Se ficar comprovado que os diretores não foram diligentes na divulgação eqüitativa de informações ao mercado, a CVM pode abrir um inquérito administrativo.