São Paulo – No ano em que um de seus fundadores chega à Presidência da República, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) completa 20 anos prometendo fazer oposição sempre que necessário. Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Central comemora hoje à noite seu aniversário, no Pavilhão da Vera Cruz – local de sua fundação -, em São Bernardo do Campo.
?A CUT ajudou a eleger esse governo, ajudou a construir e participou ativamente dessa história, e a melhor maneira de colaborar com o governo não é aderir à política na primeira hora, mas é questionar, pressionar, para poder ajudá-lo a cumprir o que está reservado para um governo nessa fase do nosso país?, disse o presidente da Central, Luiz Marinho.
Em primeiro de maio deste ano, durante a Missa do Trabalhador, em São Bernardo do Campo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou sua trajetória política, que está diretamente ligada à CUT. Ele disse na ocasião que o ano mais difícil de sua vida sindical foi o de 1979, quando, em meio a uma greve, conseguiu convencer os trabalhadores a fazer acordo.
As cobranças foram grandes. Em 1980, de acordo com Lula, a greve durou 41 dias e resultou em perdas trabalhistas. Apesar disso, segundo ele, ?o ganho político que tivemos resultou na criação do PT e da CUT?.
?Lula foi fundador, um grande articulador nesse processo, um grande mobilizador. Foi um dos grandes responsáveis no processo de criação da Central, que começou a se articular bem antes, fez vários encontros, tentativas no conjunto do movimento sindical, que acabou se consolidando na fundação da CUT em 83?, lembrou Luiz Marinho, acrescentando que ?em 80, Lula tinha sido cassado, mas participou de todo o processo de fundação da Central e, antes disso, tinha criado o PT. Ele estava a cargo de consolidar o partido, mas ajudou a criação da Central?.
A Central foi criada como uma reação ao autoritarismo que o país vivia na época do regime militar, de movimentos que tinham como bandeiras democracia e cidadania. Na época, foi um rompimento contra a estrutura sindical oficial corporativa, que proibia a existência de organizações intersindicais. Sua legalização, contudo, só foi possível com a promulgação da Constituição de 1988, que abriu essa possibilidade graças aos ganhos de conquista de direitos.
?(A CUT) nasce como contestação do regime da época, do regime militar. Nasce, se consolida e ajuda a conquistar o processo democrático através das reivindicações por eleições diretas, se consolida como a maior central do país, não somente nesse momento, mas em toda a história de vida do Brasil?, disse Marinho.
A CUT é a maior central sindical da América Latina e a quinta maior do mundo. Atualmente, reúne 3.353 sindicatos, representando cerca de 22 milhões de trabalhadores em todo o país. Abriga tanto sindicatos do setor público quanto do setor privado.
Para o ex-presidente (2000-2003) e atual secretário geral da CUT, João Felício, a Central inspira respeito e admiração no Brasil e no exterior. ?É impressionante como a CUT é admirada nos centros acadêmicos, entre estudantes e entre sindicalistas de outros países que querem sempre saber o que a CUT está pensando ou fazendo?, destaca em texto sobre o aniversário da Central. ?Do mesmo modo, ela incomoda os conservadores, a direita e os pelegos que, infelizmente, existem aos milhares no movimento sindical brasileiro?.
Segundo Luiz Marinho, a CUT continua defendendo atualmente suas posições históricas – políticas, sociais e econômicas. ?Nossas principais bandeiras hoje são as reformas previdenciária, trabalhista, sindical, a discussão do salário mínimo, a retomada do crescimento, do desenvolvimento e a reforma agrária?, afirmou.
CUT completa 20 anos prometendo fazer oposição sempre
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