Rio de Janeiro – Quatro mil jovens de 115 comunidades do Rio de Janeiro participaram nesta quinta-feira (19) da aula inaugural de um curso que vai capacitá-los como guias cívicos. Durante quatro meses, eles terão noções de cidadania, turismo, ética e de uma língua estrangeira (inglês ou espanhol), além de receber bolsa de meio salário mínimo.
Com o curso, os jovens, com idade entre 14 e 24 anos, vão atuar durante os Jogos Pan-Americanos de 2007 como guias cívicos e turísticos. Mesmo antes da competição, eles já estarão vinculados a trabalhos ligados a atividades do Pan.
A iniciativa faz parte do Programa Segurança Cidadã, do Ministério da Justiça, em parceria com o Ministério do Esporte, para envolver as comunidades carentes localizadas próximas aos pontos onde serão realizados os jogos.
O programa integra o plano de segurança da competição, que está a cargo da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Além da formação dos guias cívicos, o programa inclui várias ações voltadas para a promoção da segurança pública por meio de estratégias de prevenção à violência.
De acordo com o ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, que esteve presente à aula inaugural, existem duas formas de combater a violência: a repressão e a prevenção. ?Sem a prevenção, a repressão é absolutamente inútil?, disse o ministro. Ele disse que é preciso investir na prevenção e explicou: ?Seria a mesma coisa que abrir a torneira de casa e depois tentar enxugar o chão: você nunca vai conseguir, enquanto não fechar a torneira?.
Para Bastos, além de ser importante para o Pan, o projeto Guias Cidadãos é um investimento que irá ampliar a segurança no Rio de Janeiro também depois dos jogos. ?É fundamental o legado que vai ficar depois, a segurança aumentada, ampliada com investimentos estruturais que vão ficar? afirmou.
Após a cerimônia de abertura do curso, o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, destacou que esse é mais um passo no trabalho de segurança e de mobilização para o Pan. Silva disse que o projeto é uma forma de sensibilizar as comunidades para a importância dos Jogos Pan-Americanos e criar um canal de diálogo.
Na opinião do ministro, a mobilização pode abrir outra referência para os jovens. ?Pode aproximá-los de valores mais positivos como disciplina, persistência, capacidade de superação, que são importantes para que possam alcançar sucesso na vida. A maior parte vive em comunidades que tem risco social. Então, creio que os Jogos Pan-Americanos podem abrir oportunidades e criar referências positivas nessas comunidades?, disse Silva.
A turma de hoje será a segunda formada pelo Projeto Guias Cívicos. A primeira, da qual participam 1.780 jovens, está em andamento desde julho, e as aulas vão até o início de novembro. Os jovens que chegam ao curso são indicados por representantes das comunidades, que dão preferência aos que estão em situação de risco social, como mães solteiras ou adolescentes que já praticaram infrações e cumprem medidas socioeducativas determinadas pela Justiça.
A presidente da Associação de Moradores da Comunidade Beira-Rio, Maria Pergentina, uma das líderes comunitárias que atuam no projeto, foi responsável pelo encaminhamento de 50 jovens que vão participar do curso. Depois de destacar que o processo de exclusão em que vivem as comunidades, Maria Pergentina disse que o ?o projeto é importante porque integra o jovem ao esporte, à vida social?. Ela espera que o projeto contribua para desenvolver a comunidade, já que ?vai trazer mais orientação, mais conhecimento e educação para esses jovens?.
Herbert Almeida da Silva, de 17 anos, um dos 10.500 selecionados pelo Projeto Guias Cívicos, acredita que a capacitação pode contribuir para melhorar sua vida no futuro. ?Eu acho que, fazendo esse curso, posso melhorar muito mais a minha vida do que fazendo coisas erradas na rua. Esse curso vai abrir muitas portas para mim, para trabalhar e fazer outros cursos também?, disse o jovem, que mora na comunidade Nova Holanda, localizada no Complexo da Maré, subúrbio do Rio.