Curitiba foi classificada pelo Ministério das Cidades num processo de seleção de municípios que receberão consultorias para a realização de estudos de viabilidade para o aproveitamento do biogás gerado em aterros sanitários. O resultado foi divulgado nesta semana. No questionário elaborado pelo Ministério, para selecionar as cidades, Curitiba fez 157 pontos, o maior número entre todas as cidades brasileiras que participaram do processo e também o maior entre os municípios do Sul e Centro-Oeste (grupo no qual se inseriu).
"O resultado se deveu à qualidade do Aterro da Caximba, à coleta seletiva e à eficiência do sistema de operação", disse o biólogo José Tadeu Motta, assessor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O edital do Ministério foi lançado em abril. As respostas das cidades ao questionário foram enviadas entre os dias 9 e 19 de maio. "O sistema de pontuação foi diferenciado, voltado a classificar tanto municípios que possuem um aterro sanitário, quanto os que destinam os resíduos a lixões, de forma a se modificar essa última situação", explicou Tadeu Motta.
As cidades foram agrupadas nas regiões Sul/Centro-Oeste, Sudeste e Norte/Nordeste. As dez cidades primeiras colocadas de cada região serão contempladas para receber o estudo de viabilidade de aproveitamento do biogás de seus aterros ou lixões. No grupo da região Sul/Centro Oeste, logo após Curitiba veio o município gaúcho de Gravataí (com 132 pontos) e Porto Alegre (com 130).
Carbono
O Aterro da Caximba opera desde 1989 e recebe por dia 2,4 mil toneladas de lixo, de Curitiba e de outros 14 municípios da Região Metropolitana. O sistema de operação, terceirizado pela prefeitura, é considerado um dos mais eficientes do país.
"O Aterro da Caximba possui sistema de drenagem, que retira os gases e promove a queima, através de chaminés", explicou Tadeu Motta. O estudo de viabilidade oferecido pelo Ministério das Cidades visa verificar se há a possibilidade da implantação de um sistema de captação do biogás para uso em geração de energia, que pode ser caracterizado como projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Segundo o assessor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, isso significa que o sistema de aproveitamento do biogás para geração de energia, em caso dos estudos apontarem para sua viabilidade, poderá ser implantado com vistas à obtenção de "créditos de carbono".
O mecanismo de crédito de carbono foi definido pelo Protocolo de Kyoto e passou a valer em fevereiro deste ano. Por este mecanismo, os países desenvolvidos que não conseguirem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, nos níveis e prazos estabelecidos pelo Protocolo de Kyoto, podem fazer compensação, participando com financiamento ou outras formas de parceria, de projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo implantados em países em desenvolvimento.