Curitiba registra inflação de 0,48% em fevereiro

Curitiba registrou alta de 0,48% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em fevereiro. O índice calculado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) – para famílias com renda mensal entre um e quarenta salários mínimos – ficou abaixo das taxas de janeiro (1,72%) e de fevereiro do ano passado (0,61%). Nos dois primeiros meses do ano, o IPC teve variação de 2,21%, inferior à do primeiro bimestre de 2003 (2,50%). Nos últimos doze meses, o custo de vida do curitibano aumentou 6,16% – contra 13,60% nos doze meses encerrados em fevereiro de 2003. Foi o nono mês consecutivo de queda na taxa acumulada, destaca o economista Gino Schlesinger, do Ipardes.

Dentre os sete grupos de produtos e serviços pesquisados, a maior contribuição para o índice geral foi Transporte e Comunicação (1,55%), influenciado pelas altas de automóvel de passeio nacional zero km (2,94%), automóvel de passeio e utilitários usados (1,58%), conserto de veículos (5,14%), gasolina (1,32%), serviço de telefonia residencial (1,26%) e acessórios para veículos (9,92%). Com queda, aparecem: álcool combustível (2,15%) e tarifa de ônibus urbano (1,03%) – em função da suspensão do aumento para R$ 1,90, que vigorou durante dois dias em janeiro.

A surpresa do último mês veio de Alimentos e Bebidas, que caiu 0,33% após subir 1,53% em janeiro. “É a primeira vez desde 99 que esse grupo apresenta variação negativa em fevereiro”, salienta a diretora do Centro Estadual de Estatística, Sachiko Araki Lira. A redução foi influenciada pelas quedas de: tomate (-27,26%), açúcar refinado (-12,93%), almoço e jantar (-0,55%), leite pasteurizado (-1,06%) e banana caturra (-11,21%). A maior alta foi a da batata-inglesa (21,08%).

O item que mais pressionou o IPC em fevereiro foi energia elétrica residencial (5,83%), com impacto de 0,13 ponto percentual. Combinado com as altas da tarifa de água e esgoto (6,54%) e do IPTU (3,58%), deixou o grupo Habitação com elevação de 1,93% – a maior variação desde agosto de 2001. A queda que mais impactou o índice foi a de excursão não-escolar (-20,33%), que contribuiu com -0,13. “Com o fim das férias, é normal esse recuo em relação a janeiro”, comenta Schlesinger. Mesmo com a forte redução, o grupo Despesas Pessoais ficou estável, com variação de 0,03%. Também tiveram aumento de preços os grupos: Artigos de Residência (0,45%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,53%), este refletindo principalmente a alta dos planos de saúde (4,90%).

Já o grupo que mais influenciou negativamente a taxa de fevereiro – com pressão de -0,20 ponto percentual – foi Vestuário (-2,89%), em função das liquidações de verão. As principais contribuições vieram de: blusa feminina (-8,73%), vestido para adulto (-19,53%), conjunto esportivo infantil (-17,09%) e tênis para adulto (-3,42%).

Dias melhores…

Mesmo com um alto patamar de inflação acumulada no primeiro bimestre, o economista do Ipardes acredita que “o pior já passou”. “Janeiro é sempre um mês difícil, por causa dos impostos, excursões e educação”, assinala, acrescentando que em fevereiro, excepcionalmente, coincidiu a retirada de desconto da Copel com o aumento da Sanepar. Mas na avaliação dele, por ser um ano eleitoral, existe pouca margem para novos aumentos nas tarifas públicas. “Se Curitiba mantiver índices mensais de inflação de 0,30%, atinge a meta de 5,5% do governo federal”, aponta.

O mês de março começa com pressão positiva de 0,14 ponto percentual no IPC, em função do aumento da tarifa de ônibus urbano de R$ 1,65 para R$ 1,70 (3,03%) e do reflexo da alta da taxa de água e esgoto (7,01%), cada qual com contribuição de 0,07. “Esperamos um índice positivo em março, mas menor que o de fevereiro”, afirma Schlesinger. “De abril em diante, nossa expectativa é de índices próximos de zero, com possibilidade de deflação.”

O município de São Paulo teve deflação de 0,18% em fevereiro, segundo dados do ICV do Dieese. O resultado do mês passado é o menor desde junho de 2003, quando o ICV teve variação negativa de 0,26%.

Entenda o que significa deflação

Deflação é o contrário de inflação. Significa queda do nível geral dos preços e não de um ou outro produto isolado. Não se deve confundir deflação com desinflação, que é a redução do ritmo de alta de preços num processo inflacionário.

Quando a inflação cai do patamar de 10% ao mês para o de 5%, por exemplo, pode-se dizer que houve desinflação. Deflação é quando os preços médios recuam, ou seja, a taxa torna-se negativa.

Taxas de deflação podem ser esporádicas, o que pode ser registrado quando a inflação é muito baixa. Os preços ficam estáveis e num ou outro momento a taxa torna-se negativa.

Mas a deflação como um processo mais contínuo está em geral associada à recessão, ou seja, à queda da atividade econômica. As vendas caem com a perda do poder aquisitivo dos consumidores.

Empresas reduzem preços como única alternativa de venda. Podem ir à falência devido às perdas que têm vendendo abaixo do custo.

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