Caos depois do muro

“Zumbilândia” ao lado de casa? Morador de bairro de Curitiba revela terror com vizinhança

Imagem em cima do muro mostra um lado arrumado e outro cheio de lixo
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Furtos, invasões de ratos e baratas, alagamentos, intimidação e medo. Moradores do bairro Guaíra, em Curitiba, não estão mais aguentando os inúmeros problemas que estão afetando a saúde mental de famílias que sonham com um dia de paz.

O ponto crítico é nas imediações da Rua Rio Grande do Norte, bem próximo ao famoso Córrego do Cortume, galerias pluviais que teriam como função absorver a água da chuva e evitar o alagamento de vias. Essa dificuldade ainda segue preocupando moradores, mas nos últimos tempos, o transbordo do rio ficou em segundo ou terceiro plano.

São três grandes terrenos abandonados, mato alto, ideal para a propagação de insetos e espaço para o uso de álcool e drogas por parte de moradores em situação de rua e desocupados. Um dos mais afetados é o Anderson Leviski, servidor público no município de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e integrante do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Bairro Guaíra.

MMA dos ratos tira o sono!

“Ao lado direito da minha casa é um completo abandono, mato com três metros de altura invadindo meu terreno, sendo que os bandidos usam o local pra se mocar e realizar furtos. Já fiz boletim de ocorrência, fui roubado, arrebentaram o forro da minha casa na porrada e roubaram minhas coisas. Tem brigas de ratos no meu forro. Estou passando por uma situação terrível, já procurei a prefeitura, a polícia e nada”, desabafou Anderson.

O problema citado por Anderson foi confirmado pela reportagem da Tribuna do Paraná. O repórter fotográfico Atila Alberti esteve no local na terça-feira (26). Percebeu que o clima nas ruas é tenso, a movimentação é intensa de pessoas em situação de rua nos terrenos abandonados, e intimidação para quem está ali é aterrorizante. “A rua do rapaz parece uma zumbilândia, não dá para entrar ali no mato. Eles ficam usando drogas ao lado de ratos e fui xingado. Não tem como ficar lá”, comentou o experiente profissional da Tribuna.

Árvore dentro do córrego e erosão no terreno

Outra questão que está deixando o Anderson apreensivo é uma árvore que está posicionada no Córrego do Cortume, na divisa com o terreno dele. Quando chove, os troncos ficam batendo no muro e isso pode causar um grave acidente. Além disso, com o transbordo do rio, um buraco foi aberto no jardim dele. “A árvore está cada vez mais alta e fica na divisa com a casa.  Já pedi para cortar e nada, pois informam que faz parte do meu terreno. Já a erosão, um dia estava no jardim e o meu afundou. Agora está fechando para proteger a minha filha pequena”, avisou o servidor.

E aí, prefeitura?

Primeiro, sobre a árvore, uma equipe da Arborização Pública, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, vai até o local do endereço citado para fazer uma averiguação e ver se é possível fazer a poda.

Quanto aos moradores em situação de rua, a Fundação de Ação Social (FAS), comunicou que não possui solicitações da Central 156 para abordagem social no endereço citado, e informa que o Núcleo da FAS na Regional Portão verificou que o endereço é propriedade particular e se encontra murado. A FAS não realiza abordagem social em propriedade privada para oferta de serviços.   

Sobre a falta de segurança na região, a Polícia Civil do Paraná (PCPR), informou que investiga o caso de furtos ocorridos em uma residência no bairro Guaíra, em Curitiba.” A equipe policial está em busca de imagens de videomonitoramento que auxiliem na identificação da autoria do crime. A PCPR também orienta que vítimas de furtos ou roubos, que tenham acesso as imagens de câmeras de segurança ou outros elementos de prova que auxiliem na identificação de suspeitos, encaminhem o material até́ a unidade policial”, alertou a PCPR via nota.

Como ficam os alagamentos no Córrego?

Por fim, quanto aos alagamentos no Córrego do Cortume, a prefeitura esclareceu que a obra de macrodrenagem para o Controle de Cheias do Rio Pinheirinho está em andamento, com previsão de conclusão no início do segundo semestre.

“A obra inclui canalização de cursos d’água, construção de estações de bombeamento e modernização do sistema de drenagem e está́ em fase de conclusão. São 8 km de intervenção, e o mecanismo completo servirá para retardar o fluxo da água dos córregos e rios Santa Bernadethe, Henry Ford e Curtume, além dos rios Vila Guaíra e Pinheirinho, que desaguam no Rio Belém, reduzindo seu potencial de causar inundações e estragos.

A prefeitura de Curitiba informou ainda que “trata como prioridade a conclusão da obra que além da complexidade (envolve macrodrenagem, canalização de cursos de água e instalação de estações de bombeamento) passou por modificações no cronograma por diferentes situações que que vão desde dificuldades no repasse de verbas federais, ajustes no projeto executivos, interrupções causadas pela pandemia de COVID-19, pela necessidade de rescisão de contrato com a empresa executora e realização e nova licitação, além dos constantes casos de vandalismo nas estruturas”, informou parte da nota enviada para a Tribuna do Paraná.

Além disso, a prefeitura reforçou que o vandalismo tem prejudicado a evolução da obra. “Com frequência, os condutos forçados que integram a obra são incendiados ou danificados. A reposição do material, que é feito sob medida, causa atraso nos serviços. Para proteger essas estruturas a Secretaria Municipal e Obras Públicas vai recobrir com uma estrutura de concreto os condutos forçados, para proteger a estrutura. Paralelamente ao procedimento, segue em andamento o trabalho de limpeza no Rio Vila Guaíra. Com a ajuda de escavadeiras hidráulicas e equipes de solo, estão sendo retirados materiais que assoreavam o rio, além de lixo descartado de forma incorreta pela população. Também seguem os trabalhos de manutenção, substituição e implantação de microdrenagem em toda a região. Desde o dia 5 deste mês já foram retirados mais e 700 m3 de sedimentos do Rio Vila Guaíra”, finalizou a prefeitura de Curitiba.

Notificação no proprietário dos terrenos abandonados

A Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) voltou a reforçar que a limpeza dos terrenos e imóveis, ocupados ou não, são de responsabilidade do proprietário. No caso do terreno na Rua Rio Grande do Norte, entre as ruas Santa Catarina e Eugênio José de Souza (Guaíra), há um processo fiscalizatório em andamento em que o proprietário foi notificado para que providencie a limpeza do terreno e da área de passeio, sob o risco de receber infração (multa), caso não cumpra a determinação.

A prefeitura ainda comunicou que existe a chance de se fazer um intervenção para que se ela mesma faça a limpeza, sendo que o custo será repassado ao proprietário.” A lei que permite que a Prefeitura faça a limpeza nos casos em que se avalia a necessidade de intervenção do poder público em favor da segurança sanitária dá respaldo jurídico que se entre em uma propriedade privada e não exime o dono do imóvel de suas obrigações.

Essa medida pode ser adotada após todo o trâmite do processo de fiscalização em andamento, conforme análise das áreas prioritárias em que o município tenha de intervir com a limpeza em uma propriedade privada, com as custas da ação cobradas do responsável pelo imóvel em dívida ativa”, finalizou a prefeitura.

Cabe lembrar que o processo de fiscalização tem diferentes fases: fiscalização, notificação do proprietário sobre a manutenção e limpeza do terreno. Se as medidas não forem tomadas, a Secretaria Municipal do Urbanismo pode aplicar multa pela persistência da infração e multa por reincidência.

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