Um vídeo compartilhado nas redes sociais nesta última terça-feira (31) revela uma discussão acalorada seguida de agressão em meio a obra do Viaduto do Tarumã, em Curitiba. A reforma do viaduto faz parte das obras na Linha Verde Norte 2.1, que vem sendo executada desde o início deste ano pela empresa Trail Infraestrutura Eireli. A Trail, por sua vez, terceirizou parte do serviço e contratou a DBB Construtora para dar andamento de parte da obra.
O contrato da Trail Infraestutura Eireli com a Prefeitura de Curitiba foi orçado em R$ 92 milhões. A empresa tem até o dia 22 de outubro de 2024 para entregar as obras.
No vídeo, um representante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Paraná (Sintrapav) e o proprietário da empresa que executa o projeto no local, DBB Construtora, discutem no meio dos trabalhadores até chegar em vias de fato.
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O presidente do Sintrapav, Raimundo Ribeiro Santos Filho, explicou para a reportagem da Tribuna do Paraná que a discussão aconteceu por um desacordo entre trabalhadores e construtora. “A empresa estava descumprindo com questões contratuais. Houve constatação de exames ocupacionais que não foram realizados, fraude em documentações. O dono da empresa tem destratado funcionários com xingamentos. Chegou para nós que a empresa principal, a Trail, teria notificado a DBB Construtora. Por conta disso, quando estávamos alinhando a situação, o dono da empresa começou a xingar todo mundo”, explicou o presidente do sindicato.
Depois da discussão acalorada, o sindicato e a DBB Construtora se reuniram no Ministério do Trabalho, em Curitiba, nesta quarta-feira (1°) para resolver todo o atrito. Cerca de 30 trabalhadores contratados pela DBB Construtora trabalham no Viaduto do Tarumã. Após a briga de terça-feira (31), o Sindicato informou que parte dos funcionários haviam sido expulsos do alojamento, prática que vai na contramão das normas trabalhistas.
Após atrito, construtora será desligada da obra
A Trail Insfraestrutura Eireli informou nesta quarta-feira que estão cientes dos atritos entre a DBB Construtora e Sintrapav. Em resposta para a reportagem da Tribuna do Paraná, a empresa informou que a DBB Construtora foi desligada de todo o escopo da Trail. “A Trail reforça que todo o efetivo que esta empresa atuava, que era de 12% [do total de trabalhadores da obra], está será absorvido pela estrutura. Não compactuamos com ilegalidade trabalhista. Somos afiliados ao sindicato e todos os nossos terceirizados devem ser. É uma exigência da política interna da empresa. Não permitimos nenhum tipo de ilegalidade”, disse.
Em nota, a advogada representante da DBB Construtora, Paloma Medrado Lopes, afirma que não houve discussão com funcionários. O que aconteceu foi um desentendimento com o sindicato. “O pessoal do sindicato foi até o local da obra e queriam fazer uma paralisação. Estavam fazendo algumas reivindicações, as quais inclusive a gente já esclareceu que estavam todas pagas. Está tudo correto, os contratos estão corretos”.
A advogada explica que no dia em que ocorreu o desentendimento com o sindicato, os funcionários foram dispensados para não ocorrerem outras situações.
A empresa se reuniu com o sindicato no Ministério do Trabalho na tarde desta quarta-feira (1º) para falar sobre o ocorrido e solucionar a situação.
Sobre a rescisão do contrato da DBB Construtora, Paloma reitera que isso ainda não foi confirmado e está sendo analisado. “Estamos aguardando realmente a conclusão contratual junto com a Trail para ver se empresa vai ou não continuar”.
Mas a advogada reforça que os funcionários não vão ser atingidos de nenhuma forma. “O sindicato está ciente de que vai ser cumprida toda a legislação trabalhista e nenhum funcionário vai ficar desassistido”.
Episódio não impactou andamento da obra, informa Prefeitura
Em nota nesta quarta-feira (1°) a Prefeitura de Curitiba explicou que o episódio acontecido na última terça-feira (31) na obra do Complexo Tarumã não impactou o andamento dos trabalhos que acontecem no viaduto e nas ruas do entorno do bairro.
“O contrato da Prefeitura de Curitiba é com a empresa Trail Infraestrutura, vencedora do processo licitatório, com a qual mantem os pagamentos rigorosamente em dia. O município não mantém nenhum tipo de vínculo ou de responsabilidade junto à empresa envolvida no incidente, que presta serviço para a Trail”, reforçou a Prefeitura de Curitiba.