A região do viaduto do Capanema será outra até o final do ano. Isso é o que promete a Prefeitura de Curitiba em vídeo recente divulgado pelo prefeito Rafael Greca (PMN) em suas redes sociais. O projeto de revitalização da área prevê a pintura dos arcos que suportam o viaduto (a cor ainda não foi definida, mas já há confirmação de que não será azul nem vermelho), a volta do restaurante popular, que foi o primeiro do Brasil em 1993, a construção de um estacionamento subterrâneo que ligue o Mercado Municipal à Rodoferroviária, e a ida de um núcleo da Guarda Municipal e da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), e do Centro Cultural Humaita, que irá movimentar culturalmente a área.
O projeto é coordenado pelo arquiteto gaúcho Mauro Magnabosco, que chefiou o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) de 1994 a 1996, e que retornou para a prefeitura para auxiliar o atual presidente do instituto, Reginaldo Reinert, como revelou matéria anterior de HAUS.
As mudanças previstas custarão R$ 1,3 milhão, investimento que veio de medida mitigadora do empreendimento do consórcio ETM (Estapar, Tucumann Engenharia e J. Malucelli), que em 2012 se sagrou vencedor da licitação promovida pela prefeitura para operar o estacionamento de cerca de 400 vagas por um período de 20 anos.
O imóvel já sediou o primeiro Restaurante Popular de Curitiba, inaugurado em novembro de 1993, exatamente durante a primeira gestão do prefeito Rafael Greca. O espaço foi fechado em 2000 e, posteriormente, chegou a manter o arquivo-morto da Urbs.
Com a experiência de quem já coordenou outros projetos de reestruturação, como da Casa da Memória, da Cinemateca e do Memorial Árabe, Magnabosco quer requalificar a área por meio dos novos usos. “As pessoas precisam ocupar o espaço. Para isso, todas aquelas grades saem, e vem um projeto novo, todo envidraçado, para não criar obstáculo visual algum, deixar tudo transparente, para maior segurança das pessoas”, explica. “Como o problema dos assaltos também é frequente, ainda estamos criando uma solução para evitar que os ladrões joguem os objetos roubados para cima dos arcos para outros parceiros.”
“O novo espaço terá uma área útil de 600 m², pronto para servir mil refeições por dia, mas com um salão que atende simultaneamente apenas 160 pessoas“, esclarece o arquiteto. Ainda segundo ele, os preços ainda não foram definidos, mas vão variar de R$ 2 a R$ 5, e algumas refeições até serão oferecidas de graça, dependendo de caso a caso.
A praça de alimentação será equipada com mesas e cadeiras retráteis, lavatórios e banheiros, com áreas de circulação independentes do setor onde serão manipulados os alimentos. De acordo com a prefeitura, para atender às normas da Vigilância Sanitária, os alimentos chegarão prontos para ser servidos. Não haverá cozinha, mas um espaço para a inspeção dos alimentos por um nutricionista.
O espaço da FAS ficará na parte externa ao restaurante, de frente para a Avenida Affonso Camargo. Na área oposta, de quem desce pela rua Ubaldino do Amaral, estará o posto da Guarda Municipal que funcionará 24 horas por dia.
Para o arquiteto e urbanista Marlos Hardt, que leciona na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e coordena o curso de especialização em arquitetura da paisagem, sem qualquer vínculo com o projeto de revitalização do viaduto, a estratégia da prefeitura está acertada, mas precisa ser aprimorada. “Vejo com bons olhos as soluções apresentadas até agora. Qualquer ação que tente revitalizar é melhor do que não fazer nada”, frisa. Ele explica: “Tanto o centro cultural quanto o restaurante têm potencial para melhorar o espaço. Marcarão um retorno da apropriação do espaço pela comunidade. Quanto mais pessoas circulando pela área, melhor e maior será a própria fiscalização das pessoas.”
“O problema é que essas atividades anunciadas terão horários muito específicos. Quando tudo isso estiver fechado, a rua volta a perder seus olhos. É preciso encontrar outros mecanismos para que a vivência continue de dia e de noite”, ressalta.
Uma das soluções poderia ser aproveitar melhor a parte mais próxima do Rio Belém, que tem um “potencial paisagístico enorme, mas que é muito mal utilizado”.