Moradora de Curitiba, Jacira Mayumi Abe Aracema teve uma surpresa emocionante ao receber a notícia de que os filhos trigêmeos foram aprovados no Vestibular 2024 da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Divulgado em 17 de janeiro, o primeiro resultado positivo foi o de Renata. Em seguida, André e Stefan também foram confirmados como calouros da instituição.

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Os três irmãos continuam uma trajetória no ensino público, já que durante o período escolar, frequentaram colégios públicos de Curitiba. Eles fizeram o ensino fundamental na Escola Municipal Papa João XXIII e o médio no Colégio Estadual Pedro Macedo, sempre com ótimo aproveitamento. Em 2023, inscreveram-se no Em Ação, cursinho pré-vestibular gratuito mantido por voluntários, a maioria alunos ou ex-alunos da UFPR.

Mais de uma semana depois da divulgação da lista de aprovados, Jacira ainda fica com a voz embargada e os olhos úmidos ao falar sobre o assunto. A jornada da família até o bom resultado não foi fácil. Em 2020, Renato, o pai dos trigêmeos, morreu de câncer. Sem o provedor, a família passou a viver da pensão recebida por Jacira, e os trigêmeos inscreveram-se no vestibular na categoria de cotas para estudantes de escola pública com renda familiar per capita inferior a 1,5 salário mínimo.

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“É um encontro entre a oportunidade oferecida pela universidade e três jovens que querem estudar e aprender. Uma conquista que eles alcançaram com muita dedicação”, diz a mãe. Ela conta que a educação dos trigêmeos sempre levou em conta o respeito às suas individualidades: “São personalidades diferentes, e deixamos que cada um descobrisse o que quer e do que gosta, sem imposições”.

Foto: Leonardo Bettinelli

Isso ficou claro nas escolhas feitas para o vestibular: André foi aprovado em Ciências da Computação; Renata, em Artes Visuais; e Stefan, em Ciências Econômicas.

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Stefan quer trabalhar no mercado financeiro e está tão determinado que abriu mão de indicar uma segunda opção de curso no formulário de inscrição no vestibular. É o mais expansivo dos três irmãos e estava tão confiante na aprovação que foi esperar o resultado no Campus Agrárias da UFPR, onde aconteceu o banho de lama. “As provas discursivas do curso de Ciências Econômicas são de Matemática e História, minhas matérias favoritas. Até um tempo atrás a UFPR parecia um sonho meio impossível, mas saí da prova tranquilo, e agora é realidade”, conta.

André, mais introspectivo, preferiu esperar o resultado do vestibular em casa, ao lado da mãe e de Renata, e não saiu nem mesmo depois da aprovação. Ele conta que sempre gostou de Matemática. Integrou a equipe de robótica da Escola Municipal Papa João XXIII e depois, como estudante de ensino médio, ganhou duas medalhas de bronze na Olimpíada Paranaense de Matemática, o que o levou a participar do Programa de Iniciação Científica Jr (PIC) do Departamento de Matemática da UFPR. Seu plano é trabalhar com desenvolvimento de software.

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Já Renata não abriu mão do banho de lama, mas só depois de se certificar, em casa, de que tinha sido aprovada. “Quando deu 14 horas, abri a lista de aprovados e vi o meu nome, depois o do André e o do Stefan. Quase não acreditei”, conta. Renata diz que desde pequena gostou de desenhar, mas tinha dúvidas sobre que curso escolher: “Comecei a pesquisa, passei por vários cursos, mas quando vi Artes Visuais me encaixei completamente”. Seu projeto é ser professora: “Quero ensinar de forma diferente, que seja interessante para os alunos”.

Um símbolo de união

O fato de terem sido aprovados no mesmo vestibular parece reforçar o elo entre os trigêmeos, que está expresso também em seus nomes. Quando eles nasceram, no dia 25 de junho de 2005, os pais decidiram acrescentar uma letra A entre o prenome e o sobrenome de cada um. Assim, eles foram registrados como André Akira A Abe Aracema, Renata Ayumi A Abe Aracema e Stefan Ryoji A Abe Aracema.

A letra A, inicial dos nomes das duas avós, é uma espécie de mensagem que os pais quiseram deixar para os filhos, lembrando-os de que devem sempre contar um com o outro e reforçar o elo que os une. “Muita gente pergunta se é a abreviatura de um sobrenome, mas é um símbolo da ligação entre eles”, conta a mãe. “Tenho certeza que hoje o pai estaria muito orgulhoso deles.”

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Como participar de cursinho solidário em Curitiba

Os três irmãos são unânimes em dizer que a participação no cursinho Em Ação foi determinante para a aprovação na UFPR. “Não só pelo conteúdo, mas também pela forma de abordagem dos professores, que são maravilhosos”, destaca Renata. Ela e Stefan fizeram o cursinho presencialmente (todos os sábados, domingos e feriados, das 8 às 20 horas), em uma sala cedida pela UFPR no Centro Politécnico; André preferiu estudar em casa, com as apostilas do Em Ação.

Anualmente são ofertadas 300 vagas para o curso extensivo (divididas entre Curitiba e São José dos Pinhais) e 150 para o semiextensivo. Como há sempre mais candidatos do que vagas, é preciso passar por um teste seletivo. As inscrições para o Extensivo 2024 podem ser feitas até o dia 2 de fevereiro, no site. Para se inscrever, é preciso ter renda familiar máximo de 1,5 salário mínimo por pessoa.

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