O vereador Renato Freitas (PT) foi ouvido, nesta segunda-feira (11) pelo Conselho Ética da Câmara Municipal de Curitiba. A audiência é parte do processo que ele responde por quebra de decoro parlamentar por invasão da Igreja do Rosário, no dia 5 de fevereiro, durante protesto pela morte de pessoas negras no Brasil. O petista reafirmou que não liderou a manifestação, não invadiu a igreja, e também não interrompeu a missa que estava sendo celebrada no momento da manifestação. O vereador repetiu o pedido de desculpas a quem se sentiu incomodado pela repercussão do caso e admitiu que houve exageros, segundo ele fora de seu controle, na manifestação. Vídeo mostra o momento em que manifestação ocorre dentro de igreja.
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Questionado se considerava que seu ato condizia com a atividade parlamentar, Freitas citou o próprio Código de Ética da Câmara, afirmando que “o inciso 14 do artigo 3º aponta que é obrigação dos vereadores prestar solidariedade política a todos os cidadãos, em especial aos perseguidos, injustiçados, excluídos e descriminados, onde quer que se encontrem”. Freitas afirmou não haver abuso na decisão de manifestantes entrarem na igreja “porque há comunhão entre os princípios cristãos e os princípios de luta social. Foi essa junção que ocorreu e, talvez, isso que tenha incomodado o status quo”.
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O vereador voltou a sustentar que não fazia parte da organização da manifestação, não participou das conversas dos manifestantes com o padre ou outras pessoas ligadas à igreja do lado de fora do templo, e não tomou a decisão de entrar na igreja nem convocou os manifestantes a entrarem. “Vi a porta aberta e as pessoas entrando, decidi entrar também. Como vi que a entrada era pacífica e não havia ordem para que não entrasse e nem que saíssemos, achei que tinha o direito de entrar na igreja e me senti acolhido”, disse.
O vereador reconheceu que houve exagero do movimento ao se permitir a entrada de bandeira de partido político na igreja. “Se dependesse de mim, se eu tivesse poder e controle sobre a manifestação, como as pessoas acreditam que eu tinha, não teria permitido que se entrasse com a bandeira de um partido político dentro da igreja, pois não faz muito sentido. Mas eu não estava com bandeira em punho e a única bandeira que aparece no vídeo é do PCB, que não é meu partido. Como eu não era o ‘dono’ da manifestação, eu não tinha condição de determinar normas de condução para quem estava participando, pois geraria conflito”, disse.