Boatos sobre o surto de sarampo que tem se alastrado por vários estados brasileiros vem causando barulho nas redes sociais e em aplicativos de conversação como o WhatsApp. Desde o alerta do Ministério da Saúde (MS), no início de julho, dezenas de mensagens começaram a circular tão rápido quanto a doença, sendo difícil diferenciar quais são falsas e quais são verdadeiras. O resultado de tanto alarde é que alguns postos de saúde de Curitiba já começaram a registrar aumento de procura pela vacina contra sarampo — o que, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), é bom nos casos realmente necessários.
Para apontar o que está certo e o que não está em meio a essa chuva de informações, checamos as principais mensagens que têm circulado por aí.
Vacina é o único método de prevenir o sarampo
Verdadeiro. A vacina tríplice viral é a única maneira de prevenir a doença. Ela protege contra o sarampo e também contra a caxumba e a rubéola. Em Curitiba, todas as 110 Unidades Básicas de Saúde têm as doses do imunizante em estoque, garante o Centro de Epidemiologia.
A vacina só é oferecida durante a campanha de vacinação
Falso. Não existe um calendário determinado para buscar a tríplice viral no SUS. A vacina contra o sarampo está sempre disponível, gratuitamente, nas unidades básicas de saúde.
Mas, sim, existe um calendário ideal a ser seguido. Só que ele tem a ver com a idade e não com a disponibilidade das doses.
Pela aplicação correta, a primeira dose da tríplice viral deve ser ministrada aos 12 meses de idade. Aos 15 meses, é a vez de uma dose da vacina tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varíola), que corresponde à segunda dose da vacina tríplice e uma dose da varicela.Caso haja atraso na vacinação, crianças até quatro anos de idade ainda poderão receber a vacina com o componente varicela.
A partir de cinco até os 29 anos, quem não foi imunizado e procura pela atualização da carteirinha deve receber duas doses com a vacina tríplice viral. Já pessoas de 30 a 49 anos de idade devem receber uma dose apenas, caso ainda não tenham sido vacinados.
Pessoas de até 29 anos devem tomar a vacina mesmo que tenham sido imunizadas quando crianças
Falso. O pediatra Alcides Augusto Souto de Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, lembra que pessoas que já têm as duas doses exigidas registradas na carteira de vacinação não precisam se submeter a novas etapas de imunização. Mas se por algum motivo esse registro não existe — como em casos de extravio da caderneta, por exemplo — nada impede de que as doses sejam aplicadas novamente.
A única preocupação é que essa corrida para os postos de saúde motivada por alertas em grupos de WhatsApp sobrecarregue o sistema. Assim, além de aumentar o tempo de espera na fila por atendimento, uma pessoa já imunizada pode tirar a vacina de alguém que realmente precisa da dose.
Pessoas com mais de 50 anos não precisam tomar a vacina
Verdadeiro. A política contra o sarampo guiada pelo Ministério da Saúde prevê atualização vacinal contra a doença apenas para quem tem até 49 anos. O órgão entende que a maioria da população maior de 50 anos já teve o sarampo na infância.
O Ministério da Saúde amplia a campanha da vacinação de agosto para pessoas de todas as idades
Falso. Na tentativa de controlar o avanço do surto, o Governo Federal decidiu que este ano fará uma campanha mais específica. Portanto, ao invés da campanha multivacinação, haverá uma focada no combate ao sarampo e à poliomielite, entre 6 a 31 de agosto. Mas a campanha, como sempre, terá como público-alvo crianças menores de cinco anos – tanto as que estão na idade indicada para receber o imunizante como aquelas que estão com as doses em atraso. “O que a gente recomenda para a população em geral que precisa tomar a vacina é que procure uma Unidade Básica de Saúde, no horário de funcionamento dela, para atualizar a carteira de vacina”, explica Oliveira.
Só pega sarampo quem encostar na pessoa infectada
Falso. O sarampo é uma doença infecciosa, de natureza viral, e considerada grave. Pode ser contraída por pessoas de qualquer idade pela fala, tosse e espirro. E, acredite, o vírus do sarampo se dissemina até mais rápido que o da gripe. “Se você está a menos de um metro da pessoa contaminada, em um mesmo ambiente, pouco mais de uma hora é o suficiente para o contágio”, alerta Oliveira. “Se comparar com a gripe, o sarampo é muito mais transmissível. Mas para transmitir, a pessoa tem que estar adoecida. Aquelas gotículas que saem através da respiração é que transmitem o sarampo”, acrescenta o médico.
Conforme o Ministério da Saúde, as complicações infecciosas contribuem para a gravidade da doença, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.
Dos três vírus combatidos pela vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), o sarampo é considerado o mais perigoso. Segundo a recomendação oficial, por ser de alto contágio, é preciso que pelo menos 95% das pessoas tenham sido vacinadas no Brasil para que o sarampo não se espalhe. Caso contrário, basta ter uma única pessoa não vacinada em uma cidade para que o vírus trazido por um infectado consiga chegar a ela.
Gestante não pode tomar vacina contra sarampo
Verdadeiro. As gestantes devem esperar para serem vacinadas após o parto. Além disso, mulheres com intenção de engravidar precisam verificar se estão protegidas por meio de um exame de sangue específico. O ideal é que, após tomar as doses – caso ainda não esteja vacinada – seja dado um intervalo de pelo menos quatro semanas antes de engravidar. A vacina também não é indicada para menores de 6 meses de idade e pessoas com o sistema imunológico comprometido, como receptores de transplante , portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e indivíduos com câncer.