Começa o frio e quem vive em regiões de ocorrência de araucária (pinheiro-do-paraná), como o Paraná, já sabe: é época de consumir pinhão, a semente dessa espécie florestal. Seja para consumo direto ou para uso em diversos pratos, o pinhão é bastante apreciado na alimentação humana.
Mas, seu sabor característico e agradável pode ser afetado se a semente estiver com broca. “Um dos maiores problemas relatados por consumidores é a deterioração do sabor do pinhão, causada pela larva de uma pequena mariposa (Cydia araucariae), imperceptível na hora da compra”, explica a pesquisadora Rossana Catie de Godoy, da Embrapa Florestas. “Essa mariposa põe seus ovos na base da pinha ainda verde. Após a eclosão, as larvas penetram nos pinhões e se alimentam da sua parte interna. Nesse processo, o sabor do pinhão fica bastante desagradável”.
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Até o momento, não há um controle efetivo para essa praga ainda no campo, mas, pesquisas da Embrapa Florestas apontam alternativas que o consumidor pode utilizar para identificar, antes do cozimento, pinhões que estejam brocados evitando, assim, seu consumo.
Uma metodologia recentemente validada pela Embrapa Florestas, com a participação das nutricionistas Leticia Oelke Pereira e Maria de Fátima Oliveira Negre, é o “teste de flutuação”, realizado por meio da “prova de Schenkel”, que consiste em cobrir os pinhões com água na proporção de 3:1 (três porções de água para uma de pinhão).
Os testes mostraram que as sementes que flutuam na superfície apresentam maior ataque de broca; as que ficam em equilíbrio ainda têm a possibilidade de estarem atacadas e, as que afundam, são efetivamente aquelas com chances muito pequenas de estarem atacadas. Esse procedimento serve tanto para pinhões in natura quanto para os pinhões congelados (in natura com casca). O método de flutuação pode ser usado facilmente por produtores de alimentos e consumidores em geral.
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Para uso na agroindústria, a recomendação é de que o teste de flutuação seja realizado logo na recepção da matéria prima. “Se o processamento for destinado a produção de pinhões prontos para consumo (descascados, cozidos e congelados) deve-se utilizar apenas os pinhões que afundam; se for para a produção de farinhas, faz-se necessário o descascamento das sementes ainda cruas para visualizar e separar as sementes danificadas remanescentes”, explica Godoy.
A pesquisadora explica ainda que, popularmente, existe a indicação de deixar as sementes “de molho” em água por 12 ou 24 horas, mas as pesquisas demonstraram que o método não é efetivo para separar os pinhões brocados pois, após longa hidratação, as sementes afundam mais em função da incorporação de água, invalidando o teste de flutuação. Outra conclusão do trabalho foi de que não é possível separar os pinhões brocados após o seu cozimento, pois a migração da cor da casca para a semente inviabiliza a visualização dos danos causados pela broca.
Como armazenar o pinhão?
Outra dúvida recorrente dos consumidores é sobre as melhores formas de armazenar o pinhão. Segundo Catie Godoy, “em temperatura ambiente, as sementes aguentam até duas semanas após serem colhidas. Em refrigeradores comuns, até 30 a 40 dias. Já em câmaras frias, até 4,5 meses, se permanecerem em temperaturas entre 0 e 1ºC com umidade relativa entre 90 a 98%”.
>>> Conheça os métodos e resultados da pesquisa.
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