Menos de três anos após a revitalização da Rua Riachuelo, comerciantes da região reclamam das pichações. Nem a instalação de duas câmeras de segurança inibiu a ação dos vândalos, que insistem em sujar as paredes e muros com inscrições e símbolos sem sentido ou palavrões.
Em outubro de 2010 foram entregues as obras da via, que envolveram construção de novas calçadas, melhorias na iluminação, pavimentação e sinalização. À época, foram anunciadas também a recuperação e pintura de 90% das fachadas. Agora, as pichações tomam conta dos imóveis. “Nem sei se a câmera funciona mesmo, acho que está ali só de bonito. Não adiantou nada”, comenta o vendedor Marcus Vinícius de Souza. “Fica ridícula a rua, fica feia a imagem da cidade”, afirma, sobre as pichações. Ele reclama também da falta de lixeiras.
Assalto
Para a funcionária de uma loja de móveis usados Teresa Poletto, a revitalização foi malfeita. “A calçada já está quebrando, quando queima a luz precisa arrancar o poste inteiro para trocar, fiação ficou para fora”, diz. Na loja onde trabalha, um artista fez a grafitagem na última semana para diminuir as pichações. “Ele disse que os que picham respeitam quando está grafitado”, conta.
Mesmo tendo sua loja no campo de visão da câmera de segurança, Mkhaiber Yousef foi assaltado recentemente. As pichações também são frequentes. “Eles não querem nem saber. A gente pinta, vêm e estragam”, desabafa. O comerciante acredita que o vandalismo prejudica os negócios.
A comerciante Maria Macol avalia positivamente a revitalização. “Ficou melhor, bem mais seguro para andar por aqui”, destaca. Sobre as pichações, considera que “é problema cultural e de descaso das autoridades”. Maria já percebeu que são sempre os mesmos que fazem, “porque assinam”. Por isso, acredita que o esforço das autoridades poderia identificar os grupos e impedir essas ações. “O próprio prédio da Guarda Municipal está pichado”, aponta.
Aumento das ocorrências
A pena prevista em lei para pichadores é detenção de três meses a um ano, além de multa. Segundo o diretor da Guarda Municipal de Curitiba, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, a dificuldade em autuar os vândalos se deve ao fato de ser necessário apontar três fatores: pichação, local do crime e objeto usado.
De acordo com a Guarda, até este mês foram registradas 1.455 ocorrências de pichações na cidade, mais do que o dobro no mesmo período do ano passado (667). O inspetor Frederico atribui o aumento ao maior número de denúncias da população e atendimentos da corporação. Um dos fatores dessa mudança é a campanha de conscientização da Associação Comercial do Paraná em parceria com a prefeitura. o inspetor, “a tendência é diminuir o número de pichações com a participação da população”. A orientação para quem flagrar cena de pichação é ligar para o 153 e passar as características exatas de quem está pichando e o local.