O Hospital de Clínicas da UFPR vai iniciar os testes da vacina contra o coronavírus em Curitiba a partir de 3 de agosto. O estudo é uma parceria do HC com o Instituto Butantan, de São Paulo. As doses foram enviadas pela empresa chinesa Sinovach Biotech. Em julho, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que espera disponibilizar a vacina para a população no fim do ano ou no início de 2021. Inicialmente, 12 centros espalhados pelo Brasil vão testar 9 mil pessoas.
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Em Curitiba, a infectologista Sonia Raboni, pesquisadora responsável pela condução da pesquisa, respondeu aos principais questionamentos de como vai funcionar o estudo da vacina.
Quem vai poder ser voluntário para tomar a vacina?
O teste da vacina será chamado de Profiscov porque será testada inicialmente em profissionais da área de saúde que trabalham diretamente no tratamento da covid-19. “Como nós precisamos comprovar a eficácia da vacina, vamos testar as pessoas que estão mais expostas”, explica Raboni.
Quantas doses serão aplicadas neste primeiro período? Como será feita essa distribuição?
Serão selecionados 852 voluntários, sendo que metade irá receber a vacina e a outra metade apenas placebo (sem efeito de prevenção). Serão aplicadas duas doses em um intervalo de 14 dias. “Nem o enfermeiro, nem o voluntário vão saber se foi aplicada vacina ou placebo. Desta forma, vamos conseguir analisar o número de pessoas que tomaram vacina ou placebo e ficaram doentes. Com essa estatística que vamos determinar a eficácia da vacina”, exemplifica a pesquisadora.
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Como estes profissionais podem se candidatar? Quais as restrições?
Eles precisam entrar no site do Hospital de Clínicas ou entrar em contato com o núcleo de pesquisa para fazer a inscrição. Será feita uma triagem com os voluntários. Primeiro com um questionário e depois com testes médicos. 100 pessoas já se candidataram. “Não há separação entre homens e mulheres, só não pode ser gestante e precisa ter mais de 18 anos. E como nós temos muitos profissionais acima dos 60 anos, este grupo também poderá ser voluntário”, informa a infectologista.
Quanto tempo dura o estudo? Qual é a previsão dela ficar pronta?
O estudo está na fase 3 e tem duração de até 16 meses. Dependendo dos resultados o processo pode ser acelerado ou até mesmo cancelado. “Não temos como prever sem finalizar a fase 3 para comprovar sua eficácia e depois fazer a comercialização para a população. Se conseguirmos incluir um número maior de voluntários e houver dados precoces de que a vacina realmente está protegendo, pode sim ser determinado pelo Instituto Butantan que ela é segura. Mas isso também depende da Anvisa”, pontua Raboni.
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