De mais de 11 cursos

Universidade Positivo demite dezenas de professores e deve acabar com licenciaturas

Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

A Universidade Positivo (UP) voltou a promover demissões em massa de professores nesta quinta-feira (16). Segundo o Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes), as demissões ocorreram por meio de reuniões on-line que seguiram ocorrendo de 10 em 10 minutos, desde as 8h30. Até por volta das 15h, o Sinpes estima que tenham sido demitidos cerca de 60 professores, de pelo menos 11 cursos ofertados pela instituição. Informações repassadas ao Sinpes também destacam que haveria uma lista com mais professores a serem desligados nesta quinta-feira. A UP foi comprada pelo grupo Cruzeiro do Sul em dezembro de 2019. Desde então, há uma reformulação no setor administrativo.

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De acordo com o sindicato, os desligamentos se deram em diversos cursos, tanto nos presenciais quanto nos de Ensino a Distância, o chamado EaD. Conforme a estimativa já teriam sido demitidos até esta tarde nove professores da Biologia, dez em Medicina, seis em Psicologia, três em Engenharia e Bioprocessos, oito em Direito, dois em Publicidade e Propaganda, cinco em Odontologia, seis em Enfermagem, três em Pedagogia, um em Design e todos os professores do curso de Educação Física já teriam sido dispensados.

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Além das demissões, o Sinpes informa que a UP extinguiu todos os cursos de licenciatura que eram ofertados no modo presencial. Assim, conforme informação repassada ao Sinpes, a universidade não oferecerá mais aulas presenciais nas graduações de Ciências Biológicas, Educação Física, Pedagogia, Química, Matemática e Física.

Demissões anteriores

Na semana passada, início de julho, diversos coordenadores já haviam sido demitidos e isso provocou uma mobilização de alunos, que organizaram um buzinaço em frente a instituição no sábado (11), no Campo Comprido. O estopim para a mobilização foi a demissão da coordenadora do Curso de Biologia da UP, a professora Ana Meyer. O buzinaço foi organizado pelas redes sociais.

A Jezuina Kohls, professora do curso Pedagogia e demais cursos de licenciatura, foi uma das demitidas nesta manhã de quinta-feira. Ela diz que sente muito pela forma como o processo de reformulação administrativa está sendo conduzido, sem nenhuma comunicação formal com a comunidade acadêmica formada por alunos e professores.

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“É preocupante que seja desta forma, promover uma reestruturação no meio de uma pandemia. Desde o início do ano, com a venda da UP, trabalhamos inseguros por perceber a tendência de transformar os cursos presenciais em EAD. Agora, com as demissões da forma como estão sendo conduzidas, sem informação para os alunos se os cursos deles vão continuar ou não, é algo que nos entristece”, desabafa a Jezuina Kohls, que estava orientando projetos de conclusão de curso para cerca de 13 alunos. “Preocupo-me com eles. Vão ficar sem orientação. Eu mesma tive que dar a notícia. Não foi fácil”.

A Bruna Calgaro Martins, 21 anos, estudante do 4.º ano de Psicologia, também está preocupada com a falta de uma comunicação formal. A estudante espera que a UP formalize o número de demissões e quais cursos acabarão sendo cancelados. “Não deveria ser dessa forma. Não há comunicação e ficamos apenas imaginando que tipo de solução chegará para nós. Se vamos ser obrigados a nos transferir para o EaD, se vão nos oferecer a opção de mudar de curso ou se vamos ter que buscar transferência para outra universidade, que seria a pior das hipóteses”, reclama a Bruna Calgaro.

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Ainda segundo a estudante, a lista de demissões só cresce e os alunos acabam sendo avisados pelos próprios professores. “Causa muita indignação. São bons professores que estão saindo, no meio do ano, e sem qualquer explicação que nos convença. Culpar a crise da pandemia não parece refletir a verdade do que está acontecendo”.

Até esta tarde de quinta-feira, nas redes sociais havia diversas manifestações de indignação publicadas por alunos.

O que diz a UP

Por meio de nota, a Cruzeiro do Sul Educacional diz que tem evitado tomar medidas mais drásticas durante a pandemia de coronavírus, “mesmo sofrendo com o aumento expressivo da inadimplência e da evasão, resultados do impacto da pandemia no emprego e na renda de seus alunos e famílias”.

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O grupo diz que está adaptando custos para o próximo semestre, o que levou o grupo a adotar algumas medidas, “inclusive e inevitavelmente de pessoal, de modo a manter e preservar minimamente a saúde financeira, a qualidade de sua operação e a pontualidade dos seus compromissos, assim como – e principalmente – os milhares de empregos que continuarão a ser gerados em um futuro que se espera próximo e melhor”.

Ainda na nota, a Cruzeiro do Sul diz reconhecer “a valiosa contribuição dos colaboradores que estão, neste momento difícil para todos, sendo desligados. Ao mesmo tempo, tem a certeza de que continuará a desenvolver seu projeto nacional de qualidade com ainda mais afinco, assim como tem demonstrado ao longo dos últimos anos melhorando, sem exceção, os indicadores acadêmicos oficiais de todas as instituições de ensino incorporadas”. A instituição ainda diz esperar “que este momento excepcional seja breve e que a retomada seja vigorosa, bem como demande um número muito maior de contratações”.

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