Oito mortes

Um mês após tragédia na BR-277, familiares de vítimas se unem e cobram investigação

Foto: Gerson Klaina.

Trinta dias depois do trágico acidente registrado em meio à neblina e fumaça de queimadas, familiares das oito vítimas que morreram no acidente na BR-277, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, estiveram juntos na manhã desta quarta-feira (2) para fazer uma homenagem e cobrar por resultados rápidos na investigação. O local escolhido foi a própria rodovia e com cartazes, camisetas e flores, as famílias mostraram união em um momento de eterna dor. O fluxo nos dois sentidos está liberado e teve o patrulhamento de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que orientavam os motoristas com o auxílio de cones. Novos depoimentos devem ocorrer depois do feriado de 7 de setembro.

O encontro foi organizado por familiares via aplicativos de mensagens. Os parentes das vítimas se abraçaram por vários minutos e foi impossível controlar a emoção. Leticia Moreira 28 anos, supervisora de vendas, é irmã do cabo do Exército, Lucas Moreira, que morreu na noite do dia 2 de agosto. Segundo ela, a sensação de estar no mesmo local da morte do irmão é algo muito difícil. “É uma dor que não passa e parece que isto não aconteceu. De uma maneira ou outra, imagino ele voltando. É muito difícil até falar isto”, desabafou Letícia.

Além do Lucas Moreira, morreram Jéssica Nunes de Oliveira, Ester Nunes, Fernando Jaroz Mendes, Jurema Elvira Ferreira dos Santos, Emanueli de Fátima dos Santos Ferreira, Guilherme Ribas e Jéssica de Souza.

Investigação

Claudio Alexandre Seroiska, o caminhoneiro que se envolveu no acidente prestou depoimento na Delegacia da Polícia Civil em São José dos Pinhais, dois dias depois do acontecido. O motorista relatou que não tinha nenhuma visibilidade na rodovia. “Era como se eu tivesse entrado num quarto escuro de olhos vendados”.

Ainda de acordo com o delegado que conduz o inquérito, Fábio Machado, não há indícios de que o caminhoneiro e nenhum outro dos condutores tenham cometido crime. Agora, a polícia segue investigando a conduta da concessionaria Ecovia, que administra o trecho entre a capital e o litoral. Mais dois funcionários devem falar, depois do feriado, sobre o acidente.

Para a polícia, a falta de visibilidade e não a negligência dos motoristas parece ser a principal causa do acidente na BR-277. “Verificamos que o motorista do caminhão estava dirigindo de forma regular e não conseguiu visualizar por causa da neblina com fumaça. Estamos verificando se houve responsabilidade da concessionária em não fechar a rodovia”, explicou na época o delegado Fábio Machado.

O acidente

No total, 22 veículos se envolveram no acidente na BR-277 domingo. Foto: PRF

Por volta das 22h30 do dia 2 de agosto, um domingo, três carros se engavetaram, mas sem maiores problemas, após os motoristas terem a visão prejudicada com a fumaça da queimada na beira da estrada. Na sequência, um caminhão não conseguiu parar e atropelou as pessoas que desceram dos veículos colididos. Os veículos que vinham atrás do caminhão formaram outro engarrafamento. No total, 22 veículos se envolveram no acidente: 15 carros, uma viatura da Polícia Militar (PM), cinco motos, além do caminhão. Dez ambulâncias do Siate, Samu e da concessionária Ecovia prestaram socorro às vítimas.

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