Cabeça d'água

Turista desabafa após passeio virar pesadelo em Antonina: “disseram que seria seguro”

Passeio de caiaque sobre o Rio Nunes, em Antonina.
Foto: Siddartha Fabiano Hirata / colaboração.

Era para ser um passeio tranquilo de caiaque no Litoral, mas a formação de uma cabeça d’água no Rio Nunes, em Antonina, assustou no último sábado (11). “Nós quem notamos a água subir, no susto, ao tentar voltar para o ponto de embarque e não conseguir vencer a correnteza”, relata Siddartha Fabiano Hirata. Ele, a família e alguns amigos contrataram um passeio de caiaque na cidade do litoral paranaense. 

O programa de fim de semana se tornou um pesadelo. Próximo do ponto final do passeio, o grupo de aproximadamente 30 pessoas foi surpreendido pelo aumento repentino do volume de água. Uma parte das pessoas conseguiu chegar até a margem do rio, mas 10 ficaram ilhadas – dois guias e seis turistas. 

“Uma das pessoas que foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros foi meu filho. Eu não vi direito o que aconteceu porque estava agarrado em uma raiz de árvore na margem do rio. Antes do passeio, eles falaram que se algo acontecesse nos indicariam maneiras de sair da água com segurança, mas isso não aconteceu. Simplesmente foi cada um por si para se salvar”, conta Siddartha. 

Nas redes sociais, a responsável pelo passeio, Gusso Turismo, publicou uma nota sobre o caso. A empresa disse que uma parte do grupo preferiu esperar em um trecho chamado de ilha. “Esses clientes estavam em uma parte onde passamos por um caminho a pé e naquele momento não dava para atravessar o rio mais, por isso, decidimos pedir ajuda. Todos estavam com colete e seguros, porque essa era a parte mais alta que o nível do rio. Quando o resgate chegou, eles notaram que era uma situação de travessia, de um lado para o outro”, explica o proprietário da empresa, Jackson Felipe. 

Tempo chuvoso e três horas de espera

Siddartha relata que entre a ligação para o Corpo de Bombeiros e a retirada de todos em segurança foram três horas. Jackson diz que essa foi a primeira vez que as equipes notaram o rio encher dessa forma, mas que tudo saiu conforme os treinamentos. 

Quando o grupo, composto por duas famílias, chegou no ponto de encontro com os guias turísticos, notou que o tempo estava nublado. Como já haviam feito passeios parecidos em outros estados, resolveram perguntar se a descida do Rio Nunes iria acontecer. 

“Quando chegamos em Antonina, o tempo estava para chuva. Inclusive estávamos achando que o passeio seria cancelado. Quando perguntamos para os responsáveis sobre essa possibilidade, eles falaram que seria seguro, que moravam na cidade e conheciam o rio há anos. Nós fizemos nossa parte, procuramos uma empresa, pesquisamos, conversamos com eles, fomos prudentes. Não queremos que isso aconteça com mais ninguém”, explica Siddartha. 

No site, a Gusso Turismo diz que um monitoramento é feito e o passeio só é cancelado em caso de chuva forte. “Muitos passeios já foram feitos com tempo nublado, pois temos um Sistema de Gestão de Segurança para saber lidar com situações assim. Nossa empresa trabalha com os melhores equipamentos de segurança. Desde os coletes até os caiaques. Se alguém caísse na água, tínhamos pessoal prontos para tirar. Como fizemos com uma cliente de sábado, que saiu em segurança e chegou às margens do rio”, diz Jackson. 

A reportagem da Tribuna do Paraná tentou contato com a assessoria do Corpo de Bombeiros para saber se há fiscalização na prática esportiva da região e o que levou a demora no resgate do grupo no último sábado (11), mas devido ao horário, não recebeu retorno.

Orientações de segurança

Uma cartilha de segurança publicada pelo Corpo de Bombeiros orienta ficar próximo às margens do rio e ficar atento a mudança de coloração da água, o aumento repentino do volume de água, presença de folhas, troncos e galhos, pois é o primeiro indício de uma cabeça d’água. Confira as dicas da corporação:

1. Previsão do tempo:

Antes de sair para o passeio, confira a previsão do tempo. Evite esse tipo de atividade em dias de chuva na região e prefira sempre locais protegidos por guarda-vidas.

2. Rio de montanha: 

Tenha ainda mais cuidado quando for se banhar em rios cuja nascente seja em montanhas. Chuvas nas regiões altas acumulam grande volume de água mesmo que não esteja chovendo nas áreas mais baixas.

3. Comunicação:

Avise amigos ou parentes sobre o passeio e sua localização. Logo que chegar ao local escolhido para a diversão, identifique rotas seguras de escape para o caso de precisar sair dali rapidamente.

4. Alimentação e celular:

Sempre leve comida, água potável e carregador de bateria de celular portátil. Mantenha seus pertences em local seguro e acessível em caso de emergência.

5. Equipamentos de segurança: 

Se for praticar atividades como bóia-cross ou caiaque, use sempre equipamentos de proteção adequados, tais quais colete salva-vidas e capacete.

6. Barulhos: 

Durante o passeio, fique atento a barulhos muito altos. Estrondos podem significar a chegada de uma cabeça d’água.

7. Velocidade e cor da água: 

Aumento repentino na velocidade e no nível de escoamento da água e mudança brusca na cor da água também são sinais característicos de cabeças d’água.

8. Folhas e galhos na água: 

Outro indício de perigo é a presença de detritos (folhas, galhos, ramos ou outros objetos) na água. Além de fazer barulho, enxurradas costumam carregar muita “sujeira”, justamente pela força com que avançam nos cursos d’água.

9. Hora de sair: 

Assim que perceber esses sinais, tire todos os banhistas da água e se afaste dela o mais rápido possível.

10. Se ficar ilhado: 

Ao ficar ilhado com a chegada da cabeça d’água, mantenha a calma e, se possível, peça ajuda pelo telefone 193. Nunca tente atravessar rios nessas condições. Se for necessário, vá para o local mais elevado e seguro possível e espere por auxílio.

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