O encontro de um tucano com a asa cortada movimentou o dia de aula numa escola particular de Santa Felicidade, em Curitiba, na tarde desta terça-feira (03). Como o animal não conseguia voar, funcionários da escola telefonaram para vários órgãos ambientais, além da polícia e bombeiros, para que o recolhimento do animal fosse realizado. Porém, nenhum dos órgãos contatados poderia buscá-lo. Diante disso, fica a dúvida a muitos cidadãos: o que fazer se aparecer um animal silvestre na minha casa, ou em qualquer outro lugar da cidade?
Christina Volpato, coordenadora pedagógica da escola Grande Aprendiz, explicou que o tucano apareceu por volta das 14h no jardim da escola. Ele estava em pé numa mureta e ninguém mexeu com ele. Mas como o animal permaneceu ali por muito tempo, parado, os funcionários pensaram que ele estava machucado e decidiram recolher ao jardim interno. “Nosso funcionário chegou perto e ele nem reagiu para voar. Ele ainda é pequeno. Soltamos para ver se ele tinha coragem de voar, mas não voou. Ficou ali imóvel. Foi quando percebemos que ele está com algum problema na asa”, explicou Christina.
Socorro
Apesar do tucano não estar aparentemente machucado, os funcionários perceberam que o bichinho não poderia se virar sozinho e poderia ser pego por algum predador. Foi quando começaram a telefonar para diversos órgãos ambientais, até para a Polícia Militar e os Bombeiros. Conforme a coordenadora, todos disseram que não poderiam recolher o animal e que se ele estivesse machucado ou em situação de risco, que a escola deveria recolher o tucano e leva-lo até o Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS), que fica no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba.
Primeiro: garanta a segurança no animal
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba explica que, se não houver perigo iminente, como a presença de possíveis predadores, ou se o animal estiver em boas condições de saúde, aparentemente, não é necessário interferir. Do contrário, ele pode ser levado a um local seguro, próximo de onde foi encontrado, para que mantenha o vínculo com os pais, desde que sejam tomados alguns cuidados. Mas deve ser levado em consideração a imprevisibilidade do manejo de animais silvestres, em relação a riscos e possíveis acidentes. No caso de animais jovens também vale a orientação, pois em resposta de proteção ao filhote, os pais (que deverão estar por perto) podem investir contra as pessoas.
Conforme a Secretaria, é importante nunca retirar um animal silvestre de seu habitat e nem transportá-lo para outros espaços. Algumas espécies são únicas e estritamente presentes naquele habitat. Transporte para outras áreas e soltura indiscriminada podem ocasionar desequilíbrio ambiental.
Mas e se houver risco?
Se o animal estiver machucado e as pessoas tiverem condições de recolhê-lo, o animal deve ser levado o quanto antes até o CAFS. Apenas se não houver condições de recolher o animal (por ser grande ou perigoso) ou se ele estiver colocando a vida de pessoas em risco é que os órgãos ambientais podem recolhê-lo. Neste caso, é possível pedir orientação à equipe do CAFS por telefone (veja contatos abaixo).
Outra orientação do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna é para que sempre que possível a população anote o lugar e o momento em que o animal foi visto, para que seja possível manter o monitoramento, se o CAFS julgar relevante.
De acordo com o diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna, Edson Evaristo, o ideal é respeitar os animais, seus limites de aproximação e de interação. “A interferência humana deve acontecer apenas se for necessária para manter a convivência pacífica e harmoniosa com estes animais”, explicou Evaristo.
Responsabilidades
O manejo de animais silvestres é responsabilidade do governo estadual (Instituto Ambiental do Paraná – IAP). No entanto, como o CAFS (que é municipal) possui um corpo técnico habilitado para este manejo. Funcionários da escola levaram o tucano até o CAFS e descobriram que o bichinho estava com a asa quebrada. Ele recebeu atendimento veterinário, teve a asa “engessada” e ficará aos cuidados dos técnicos até ser reinserido na natureza.
Onde fica o CAFS?
Rua Professor Nivaldo Braga, 1369
Capão da Imbuia, Curitiba
(anexo ao Museu de História Natural do Capão da Imbuia)
Telefones: (41) 3350-9937 e 3313- 5480
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