A Linha Alferes Poli, que faz o trajeto do Centro de Curitiba até a Avenida da República, no Parolin, segue sendo a “Linha do Terror”, alvo de invasões e de diversas operações policiais, o itinerário parece não ter limites. Nele as pessoas entram sem pagar transportando desde carrinhos de supermercado até toldos. Sim, isso já ocorreu, relembre. Para sentir na pele o caos que é essa linha, resolvi embarcar e a experiência foi pesada.
Trabalho com reportagem há 20 anos e posso dizer com todas as letras que fiquei assustado. Imaginei que os invasores entrariam no meio do caminho para o Parolin e não ali na Rui Barbosa que, em tese, tem mais policiamento. Inclusive, no dia que fui para fazer a apuração desta reportagem uma viatura da Guarda Municipal estava por ali.
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Primeiramente, não sabia onde ficava o ponto. Localizei o ônibus parado em um ponto à direita do Mercado Central. Fiz um gesto ao motorista para abrir a porta e entrei. Me identifiquei e conversamos sobre a linha, o trabalho dele e assim foi por alguns minutos. Paguei a passagem e sentei em um dos bancos.
Peguei meu celular para fazer imagens do trajeto que iria seguir pela Rua Lamenha Lins. Quando percebo, o ônibus começou a andar e parou ainda na Rui Barbosa, mas do outro lado, bem em frente ao tubo do biarticulado Pinheirinho/ Rui Barbosa. Ou seja, eu entrei no transporte fora do ponto (motorista nem comentou nada).
Ao abrir a porta da frente (eu estava no terceiro banco do lado do motorista), vejo dois jovens entrando sem pagar e olhando em minha direção. Poucos segundos depois, um homem de aproximadamente 40 anos, senta na minha direita e avisa com tom ameaçador. “ Não vai filmar hein? Aqui as coisas são diferentes e mandamos aqui”. Coloquei o celular dentro da minha mochila.
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Ao ouvir aquilo, notei que muitas pessoas continuavam a entrar no ônibus pelas duas portas. Na porta traseira, um homem entrou com um carrinho de supermercado com uma sacola e mochila. Acho que ali foi o ponto que decidi ir embora. Levantei e tive que superar o pouco espaço que tinha para sair do ônibus enquanto uma outra pessoa subia com pedaços de vassoura.
Ao descer, vejo um cachorro forte e com uma roupa branca e vermelha esperando acabar a movimentação. Saio do ônibus e escuto daquele homem que ameaçou alertando os outros invasores. Na minha última olhada para o “amarelinho”, vejo o cachorro entrando. Confesso que imaginei duas coisas pouco tempo depois do fato. Curitiba tem ainda o melhor transporte púbico do Brasil com essa linha? E como terminaria a viagem? Preferi não virar notícia.