“A vida das benzedeiras: caminhos e movimentos”, de Taisa Lewitzki, recebeu menção honrosa no prêmio ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) 2020 na categoria dissertações. A pesquisa concorreu com trabalhos das regiões Sul, Centro-oeste e Distrito Federal. O prêmio é o principal das Ciências Sociais no Brasil. A pesquisa de mestrado foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Arqueologia da UFPR, com orientação da professora Liliana Porto.
“É um trabalho sólido, com uma experiência de uma década de trabalho com as benzedeiras. (…) É uma temática que ela (a pesquisadora) conhece também pela vida, pela militância no movimento. A menção honrou a qualidade do trabalho da Taisa e a solidez da pesquisa dela”, comemora a professora.
A pesquisa
Taisa acompanha o trabalho das benzedeiras desde 2008, quando participou de um encontro de 150 mulheres que exercem as práticas tradicionais de cura, como benzedeiras, curadeiras, costureiras de rendiduras, remedieiras, parteiras e massagistas tradicionais.
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Durante o evento, a pesquisadora ouviu denúncias sobre preconceito: “a partir de então, comecei a contribuir com a organização sociopolítica das benzedeiras através do Movimento Aprendizes da Sabedoria (MASA). Tal processo me instigou a entender o movimento social das benzedeiras no interior paranaense e suas implicações no âmbito da política, das mulheres e do meio ambiente”.
Faxinais
A pesquisa de campo foi realizada no centro sul do Paraná, em comunidades tradicionais de faxinais, comunidades rurais, vilas e bairros de pequenas cidades. A metodologia etnográfica proporcionou contato intenso e prolongado com as benzedeiras: por quatro meses Taísa morou com essas mulheres e compartilhou seus cotidianos.
Os resultados da pesquisa apontaram a importância das benzedeiras – mulheres idosas e camponesas – na manutenção da vida e na promoção da saúde popular da região. “Além disso, a organização sociopolítica das benzedeiras inaugura uma forma singular de fazer política, que tem como protagonistas mulheres idosas e camponesas que articulam conhecimentos tradicionais de cura, saberes e fazeres mágico-religiosos, somados aos conhecimentos sociológicos sobre a localidade, os quais se vinculam às redes de relações sociais que apresentam um modo de vida específico dos povos e comunidades tradicionais do centro sul do Paraná”, explica a pesquisadora.
Lei
A dissertação da Taísa também foi usada na elaboração do projeto de Lei Estadual n. 877/2017 que resultou na Lei Estadual n. 19.689/2018, que reconhece as benzedeiras como patrimônio cultural imaterial do Estado do Paraná. A dissertação sobre a vida das benzedeiras também conquistou o Prêmio Curta Ciência da UFPR, na categoria Antropologia e Arqueologia. A premiação é organizada pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG).
Benzedeiras em Curitiba
Curitiba tem várias benzedeiras que realizam os mais diversos tipos de trabalho. A Tribuna do Paraná já fez um Caçadores de Notícias especial sobre o tema e ouvir essas abençoadas senhoras e alguns de seus pacientes. Clique aqui e leia mais sobre as benzedeiras de Curitiba.