Ainda é recente, aconteceu há pouco mais de uma semana. A explosão de um rojão arrancou a mão de Weslley Pontes, no Aeroporto de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na última terça-feira (17). O torcedor atleticano, que acompanhava o embarque da equipe rumo a Porto Alegre, onde disputou a grande final da Copa do Brasil, recebeu alta no final da manhã de domingo (22).

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Em conversa com a Tribuna, Pontes conta como estão os dias após o acidente e como está se recuperando. Ele fala da emoção que viveu ao ver o Athletico campeão e também da homenagem que recebeu do meia Nikão, após o jogo. “Estou bem, mas a dor é intensa. Ainda estou tomando remédio para aliviar a dor, que vai ficar por um tempo ainda, mas estou me recuperando”, comenta.

Torcedor apaixonado

É claro, como todo torcedor fanático, Weslley não deixaria de assistir a final da Copa do Brasil. Mesmo no hospital, ele deu um jeitinho de acompanhar a conquista. E a ajuda veio de forma inusitada: de um Coxa-branca e de um Paranista. “Os meninos da farmácia do hospital foram bem gentis. Eles instalaram uma TV maior, porque a gente estava com uma de tubo, a imagem era ruim. Sempre que dava uma folguinha, eles vinham dar uma olhadinha no jogo. Eles comemoraram o título comigo”, diz Weslley.

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Mas para ele, a emoção do jogo acabou minimizada pela homenagem de Nikão ao final da partida. “A homenagem que o Nikão fez pra mim, destruiu emocionalmente, cai em lágrimas. O cara poderia estar comemorando o título, mas ele se lembrou de mim, vai ficar marcado”.

E a lembrança no dia em que a delegação celebrava a conquista marcou igualmente o torcedor. “No outro dia, eles fizeram uma homenagem na frente da minha casa. Minha mãe estava chegando do serviço e escutou. Meu sobrinho, meu irmão, ouviram também, foi uma felicidade, não tem dinheiro que pague. Eu chorei. Pra mim não tem preço”, diz o emocionado Weslley.

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Com a taça da Copa do Brasil já em ‘casa’, o torcedor agora sonha com voos maiores para o Furacão. “Um sonho realizado, agora vamos em busca da Libertadores e depois o Mundial, é um pedido que fiz aos jogadores. Eu pedi a taça da Copa do Brasil e eles trouxeram, não custa sonhar. E não é impossível”, completa.

Weslley se recupera em casa e exibe a faixa de campeão da Copa do Brasil. Foto: Arquivo Pessoal

Gratidão!

“Muitas pessoas solidárias, o Brasil tem muita gente boa, um povo muito generoso. O que aconteceu comigo, milhares de pessoas ajudando, já tenho até uma prótese para ganhar. O que a gente faz aqui a gente colhe, eu não sabia que era tão querido pelos amigos. Eu sempre ajudo meus amigos e agora estou colhendo isso”. Assim, Pontes resumiu as muitas mensagens de apoio e ajuda que tem recebido desde o acidente.

O torcedor, no entanto, aproveitou para agradecer a alguém muito especial, que quase sempre passa despercebido do grande público mas que teve um papel fundamental no momento da fatalidade. De acordo com Weslley, a ação do policial que o socorreu naquele dia foi heroica. “Só tenho a agradecer. A ação do policial foi ótima. Ele usou o torniquete e estancou o ferimento e não deu nada no braço, foi perfeito. Ele salvou a minha vida”.

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Anjo da Guarda

Diego Feltrin, na Polícia Militar desde 2013, se tornou Aspirante da PM esse ano. Além disso, participou de um treinamento sobre salvamento em combate no Comando e Operações Especiais (COE) do BOPE (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar. O Aspirante não imaginava que na última terça teria que colocar em prática tudo o que havia aprendido, em apenas um dia. Durante a chegada da delegação atleticana ao aeroporto, Pontes acendeu o rojão que provocou a fatalidade. Rapidamente, Feltrin fez um ‘torniquete’ e correu ajudar a vítima.

Uma semana após o incidente, Feltrin conversou com a Tribuna e contou estar feliz em poder estar ali para ajudar. “Aconteceu tudo de forma inusitada, nem imaginava que teria essa repercussão. Fico muito grato. Não pensei em reconhecimento ou recompensa, só pensei na missão em cumprir aquilo que fui treinado, fico bastante feliz dele ter tido o menor dano possível diante da gravidade da lesão dele”, relata.

Por um acaso da sorte, o Aspirante passou por treinamento em algumas das técnicas que foram necessárias para minimizar os danos causados pela explosão. “Tive treinamento pelo COE. São técnicas específicas para salvamento em combate, quando um policial é ferido com tiros em membros ou áreas convulsionais. Eu fui treinado para fazer o primeiro nível de atendimento pré-hospitalar de combate, onde pode ser utilizado alguns equipamentos, como o torniquete”.

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Repercussão e reconhecimento

Feltrin conta que nunca imaginou que a atitude de ajudar o rapaz tivesse tanta repercussão, o que lhe rendeu até uma homenagem da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP). “Não esperava esta forma de reconhecimento. Uma homenagem desse jeito estimula mais policiais a tomarem atitudes assim. Eu vejo que isso engradece o nome da Polícia Militar como um todo, estimulando que mais práticas como essa sejam empregadas”.

Na última sexta- feira (20), o policial foi recebido pelo Secretário, o Coronel Romulo Marinho, da SESP, para receber uma homenagem individual pelo que fez naquele dia. Para Feltrin, o melhor é a sensação de ‘dever cumprido’. “Sentimento de dever cumprido. Todo local que vou estou sendo reconhecido. Cumpri minha missão e saber que estou preparado para agir diante da adversidade com uma resposta rápida me deixa muito feliz”, completa.

* Colaboração de Rodrigo Cunha

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