A Polícia Civil de Cerro Azul, cidade que fica a 90 quilômetros de Curitiba, prendeu neste sábado (13) o tio da jovem Janaína de Fátima de Matos, 21 anos, que foi degolada e teve os seios arrancados, na tarde de quinta-feira (11).
Segundo a polícia, Agrevil do Carmo Santos, 50 anos, se apresentou na delegacia e confessou o assassinato. O motivo do crime seria ciúmes, pelo fato da menina estar com o casamento marcado.
O crime aconteceu por volta das 13h de quinta-feira, na casa da família, onde Janaína morava há quatro anos. A garota foi degolada, teve os seios arrancados e tinha marcas de várias facadas pelo corpo.
No dia do crime, o próprio tio chamou a Polícia Militar (PM) dizendo que tinha encontrado a sobrinha morta no quintal da residência. De acordo com a Polícia Civil, a primeira suspeita era de um latrocínio (roubo seguido de morte).
“O tio contou que o assassino tinha levado dinheiro e o celular da garota. Por isso, começamos a investigar a suspeita do roubo com a morte, mas desconfiamos das informações que ele havia nos passado e descobrimos imagens de câmeras de segurança de um vizinho, que nos mostravam que o autor tinha o mesmo tipo físico do tio”, explicou o superintendente Rodrigo Augusto Podegurski. De acordo com o policial, as imagens, não muito nítidas, mostravam parte da ação do suspeito. Os policiais começaram a suspeitar de um crime passional.
“Trabalhamos intensamente nas investigações e sabíamos que o suspeito era uma pessoa próxima. Desconfiamos que nenhum vizinho tinha visto alguém entrar ou sair da casa e, a partir disso, sabíamos que era alguém da família, alguém próximo”, contou o superintendente.
Os policiais começaram a ouvir testemunhas e fechar o cerco para encontrar o assassino. Depois que o corpo da jovem foi liberado do Instituto Médico Legal e já era velado pela família, investigadores foram várias vezes ao velório, mas ninguém da família tinha suspeita de quem poderia ser.
“Inclusive, o tio recebeu o caixão no velório, chorou em cima do corpo da garota, como se nada tivesse acontecido. Até serviu café para os familiares”, disse Rodrigo.
Para a surpresa dos investigadores, Agrevil se apresentou na delegacia e confessou o crime. “Em três horas de interrogatório, ele nos disse que matou a Janaina simplesmente por amor e confessou que o latrocínio foi forjado, que pegou o dinheiro dele mesmo e o celular da menina e jogou no barranco de um rio”, contou o superintendente.
Com base nas informações do tio, enquanto uma equipe ouvia o homem, outra foi ao local apontado por ele para saber se a informação era verdadeira. “No local conseguimos colher as provas contra ele. Encontramos R$ 150, que ele tinha escondido, mas o celular, ele deixou na beira do rio e a água levou”.
A suspeita da polícia, é que o homem alimentava um amor doentio pela jovem e a matou porque não queria o casamento. “Apesar disso, se ele tinha interesse amoroso ou se tinha alguma vez abusado da jovem, isso só ela e ele saberão. Infelizmente ela está morta e ele já nos mostrou que não vai falar a verdade”, lamentou o superintendente.
Pelas costas
O tio contou que matou Janaína a golpes de faca no momento em que ela estava na lavanderia. “Ela sabia que eu estava em casa. Chegou para almoçar. Eu cheguei e quando vi, já tinha matado, foi muito rápido”, disse Agrevil.
O homem deu vários golpes de faca nas costas da jovem e, depois que ela já estava morta, retirou os seios com a faca. “Não sei por que fiz isso. Depois que matei, tirei os seios dela, já estava desesperado mesmo”, contou o tio, que disse ter jogado os seios da jovem no mesmo rio que jogou o celular.
Depois de assassinar a sobrinha, Agrevil limpou a lavanderia e chamou a polícia. Ele não disse que tinha interesse na jovem. “Amor não tinha, mas eu queria que ela ficasse em casa por companhia, nada demais. Nunca falei para ela que eu gostava dela. Nunca tinha encostado nela antes disso e també,m não tinha relacionamento nenhum com ela, mas queria que ela ficasse em casa. Foi um momento de fraqueza. Fiz e não consigo explicar”.
Agrevil disse estar arrependido e chegou a dizer que a vida dele acabou. “Não sei o que minha família vai pensar de mim. Eu não queria fazer o que fiz. Fui ao velório por arrependimento, mas não tenho mais vida. Não adianta eu pedir perdão para a família, porque eu sei que não vai adiantar”, lamentou.
O homem, que foi indiciado por homicídio qualificado, permanece detido na delegacia de Cerro Azul, onde a polícia faz um trabalho de segurança, por conta da população que está revoltada com o que aconteceu na cidade. Ele deve ser transferido nos próximos dias. “Além disso, vamos pedir a quebra do sigilo telefônico para descobrir se não tem mais alguma coisa por trás”, disse o superintendente Rodrigo Augusto.