Um terremoto de 3,5 graus na escala Richter – que vai de 0 a 9 – sacudiu a região de Rio Branco do Sul, próximo a Curitiba, na madrugada desta segunda-feira (18). De acordo com o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), o terremoto no Paraná foi sentido num raio de até 100 quilômetros do epicentro.
Inicialmente a própria USP tinha relatado tremores ainda mais fortes em Itaperuçu e São Jerônimo da Serra, no Norte Pioneiro, conforme a imagem abaixo, mas após a revisão dos dados confirmou , por volta das 9h30, a ocorrência do fenômeno apenas em Rio Branco do Sul .
Também foi revisada a profundidade do terremoto. “Antes o sistema apontava 50 quilômetros, mas pelo que pudemos constatar foi bem mais raso, algo em torno de 5 quilômetros. Só podemos confirmar com precisão após cruzarmos mais alguns dados”, explicou o professor de sismologia da USP, Marcelo Bianchi.
A confusão nas primeiras informações foi causada pela máquina que realiza a medição automática, sem o auxílio dos professores. O sistema registrou inicialmente dois terremotos, mas quando os dados foram analisados, essa hipótese foi descartada. “Foi um tremor raso, superficial, como muitos que acontecem quase que diariamente. Eles são bastante comuns na verdade. Neste caso, por ser próximo a uma região com alta densidade populacional, causou esse nervosismo natural”, aponta Bianchi.
Não estão descartados novos tremores secundários, mas, segundo o especialista da USP, é pouco provável que isso aconteça. “De qualquer forma vale ficar atento pelos próximos dois dias”.
O Corpo de Bombeiros da região de Curitiba informou que recebeu três ligações de moradores da cidade para pedir informações sobre a situação, mas em nenhuma das ligações houve pedido de atendimento por estragos ou ferimentos.
Em São Jerônimo da Serra, onde inicialmente teria acontecido um dos tremores, a Polícia Militar local afirma que não houve nenhum chamado de ocorrências ligadas ao terremoto. Inclusive, segundo o policial plantonista, ninguém sentiu o tremor. “Estou de plantão desde as 21h e não senti absolutamente nada. Não recebemos sequer ligações de moradores relatando o ocorrido. Só a imprensa que tá ligando”, disse o policial militar Diego Nogueira.
A Defesa Civil do Paraná confirmou que até às 7h30 ainda não havia chamado para apoio do Corpo de Bombeiros ou da Polícia Militar em nenhuma das duas bases, mas disse que está monitorando constantemente a situação nestas regiões.
Rápido
O bombeiro Jefferson Veloso, que estava de plantão desde o início da noite de domingo em Rio Branco do Sul, relata que o terremoto foi sentido por todos no batalhão. “Foi uma sensação estranha. Durou uns dois segundos, mas como as paredes aqui são grossas não houve nenhum dano”, disse.
Em grupos de whatsapp da cidade os relatos são de incômodo e enjoo nas pessoas durante o tremor.
Veloso garante que não houve nenhum chamado para resgate ou notificação de danos estruturais em casas da região. “Só temos os relatos das pessoas, mas nenhuma chamada. Aparentemente ninguém se feriu ou teve maiores prejuízos. Mas o pessoal fala em janelas trincadas e algumas rachaduras”, completou o bombeiro.
Terremoto no Paraná
No site do Centro de Sismologia da USP, internautas relatam a sensação de tremor em várias partes do Paraná. O de Rio Branco do Sul teria causado impactos em cidades ao redor, como Itaperuçu, Almirante Tamandaré e Colombo. Em Curitiba, segundo este mapa de interação, houve relatos de moradores do Santa Cândida, Portão e Fazendinha.
A autônoma Aryadne Sabbagh, de 23 anos, disse que ficou assustada com o terremoto. Moradora de Colombo, ela estava no Santa Cândida por volta das 0h20. “Foi terrível a sensação. Foram segundos, mas não teve como não sentir. Parecia um trovão, mas sem o estrondo”, contou. De acordo com ela diversos amigos também tiveram a mesma sensação.
Ela disse que alguns amigos relataram barulho, mas ela não ouviu nada. “As janelas e paredes tremeram. Fiquei esperando o barulho do trovão, mas não ouvi. Depois disso fiquei às claras, não consegui dormir mais até agora”, concluiu.
O radialista Leonardo Bechtloff, de 32 anos, mora em Campo Magro e também sentiu o tremor. Segundo ele, foi como um deslocamento de ar, um trovão sem som. “É como quando uma bomba explode e vem aquela onda, aquele deslocamento de ar. Achei que poderia ser uma explosão em caixa eletrônico num banco ou posto de gasolina aqui perto”, relatou.
Segundo Bechtloff foi uma sensação muito esquisita. “Eu senti, mas minha esposa não. Mas foi bem perceptível. Até os cachorros ficaram bem agitados”, concluiu.