A morte do general Qasem Suleimani em um ataque de drone no Iraque sexta-feira (3) abriu um novo e perigoso capítulo nas desavenças históricas entre Estados Unidos e Irã. Enquanto a possibilidade de um confronto bélico entre os dois países leva preocupação a todo o mundo, no Brasil a coisa virou piada e memes. Só que a treta entre EUA e Irã, a tal da Terceira Guerra Mundial, como a brasileirada tem zoado o conflito, teve um capítulo bem aqui no litoral do Paraná.
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Antes de a embaixada brasileira ser repreendida oficialmente pelo governo do Irã na última segunda-feira (6) pela nota oficial de Jair Bolsonaro apoiando a decisão dos EUA de bombardear a divisão do general Suleimani, outra treta diplomática rolou em 2019 envolvendo Brasil, Estados Unidos e Irã no Paraná. No começo de junho, dois navios iranianos que traziam ureia para o Brasil e deveriam retornar com carga de milho foram proibidos de abastecer no Porto de Paranaguá.
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A determinação partiu da Petrobrás, que alegou temer punições porque a empresa iraniana proprietária dos navios estava sob sanção dos EUA. “Caso a Petrobrás venha a abastecer esses navios, ficará sujeita ao risco de ser incluída na mesma lista, sofrendo graves prejuízos”, alegou a estatal petroleira na época.
Os dois navios ficaram 49 dias ancorados na Baía de Paranaguá à espera de uma solução do impasse. As duas embarcações só deixaram o litoral do Paraná após serem abastecidas por decisão da Justiça. No dia 24 de julho, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli, obrigou a Petrobras a fornecer combustível aos navios, o que foi feito no dia 27 de julho, quando os dois cargueiros foram embora de Paranaguá.
Respingou no Brasil
O tom elevado entre Estados Unidos e Irã respingou após a morte do general Suleimani no Brasil. Isso por causa da posição governo federal. No dia 3 de janeiro, um dia após o ataque que vitimou o general Suleimani, o governo brasileiro emitiu nota de “apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”.
O posicionamento levou o governo do Irã a convocar o corpo diplomático brasileiro em Teerã a prestar esclarecimentos. Como o embaixador Rodrigo Santos está de férias, Maria Cristina Lopes, encarregada de negócios da embaixada, se apresentou ao governo iraniano.
Qasem Suleimani era o principal líder militar do Irã e considerado o segundo homem mais forte do país. O militar só tinha menos poder que o líder supremo Ali Khamenei, maior autoridade política e religiosa do Irã.
Suleimani era o comandante das Forças Quds, divisão de elite que coordenava ações militares do Irã fora do país. As ações militares comandadas por Suleimani em países como Líbano, Síria e o próprio Iraque, onde o general morreu em um ataque de bombas lançadas por drone, eram consideradas terrorismo pelo presidente americano Donald Trump.