Servidores municipais de Curitiba tentaram invadir a Câmara Municipal na tarde desta segunda-feira (22). No local, vereadores discutiam na Comissão de Legislação, Justiça e Redação o pacote de ajuste fiscal, enviado pelo prefeito Rafael Greca (PMN). A prefeitura alega que as contas municipais estão estranguladas e há a necessidade de aprovar medidas, entre elas a suspensão de reajustes, promoções e progressões ao funcionalismo, para evitar que as finanças entrem no vermelho. Em meio à confusão, os parlamentares decidiram suspender a análise do texto. Não há confirmação sobre a retomada dos trabalhos ainda nesta segunda-feira ou somente a partir de terça-feira (23).
Segundo verificado pela reportagem da Gazeta do Povo no local, os servidores tentaram entrar na sala onde era feita a reunião da comissão, mas, como não conseguiram, se concentram nos dois acessos ao local. Seguranças permanecem travando as portas de vidro para impedir a entrada, mas o bloqueio impede também a saída dos palamentares. Há integrantes de várias categorias no grupo, entre eles guardas municipais e professores. Os gritos são de “retira ou não sai”, para forçar que as medidas sejam retiradas de pauta na Câmara. Os manifestantes gritam ainda contra supostos “fantasmas” na administração pública municipal.
O grupo usa buzinas para fazer muito barulho do lado de fora da sala. Por hora, o saldo de estragos é de apenas uma janela quebrada. Na parte externa do prédio, fogos foram estourados no acampamento montado pelo sindicatos que representam categorias do funcionalismo municipal (Sismuc, Sismmac e Sigmuc) para fazer vígila contra a aprovação das medidas do pacote.
Ao tentar entrar no local, o líder do Governo na Casa, Pier Petruziello (PTB), foi hostilizado pelos manifestantes e teve o acesso impedido. O vereador saiu aos gritos de “Pier fantochinho”. A todo o momento, bombas são estouradas perto do vidro que reveste o corredor.
Em entrevista, Raquel Soares, diretora do Sismmac (que representa os professores municipais), disse que a ideia é permanecer na Câmara até que as medidas sejam retiradas da pauta. “O que está para ser votado é um projeto que retira R$ 600 milhões da nossa previdência e isso não vamos aceitar”. Ela disse que os servidores têm condições de manter a mobilização indefinidamente.
A diretora também reclama de uma falta de diálogo com a prefeitura sobre as medidas. “Não existe e não existiu diálogo. Nós procuramos o Greca já no período de transição e ele nunca abriu diálogo [conosco]”, reclamou. Segundo ela, os protestos continuarão até que os sindicalistas sejam recebidos pelo prefeito.
Procurada pela Gazeta do Povo, a prefeitura de Curitiba informou, por meio da assessoria de imprensa, que não vai se manifestar sobre o ocorrido na Câmara nesta segunda.
Na reunião da Comissão de Legislação, Justiça e Redação estava prevista a apresentação, por parte do presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba (IPMC), dos impactos previstos para a previdência municipal com as alterações propostas pela administração Greca.