A visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB Paraná, ontem, à delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, por pouco não coincidiu com a tentativa de fuga, descoberta três horas antes.
A inspeção da OAB estava marcada para as 15h, mas ao meio-dia, os plantonista descobriram que os presos de uma das celas tinham arrancado parte de uma porta de metal e algumas grades. O material serviria para escavar buracos ou como armas, num possível motim.
O Centro de Operações Especiais (Cope) realizou um pente-fino, no mesmo horário em que a comissão da OAB fazia sua vistoria. Foram encontradas serras e partes das grades. Inquérito foi aberto para investigar como as serras foram parar nas mãos dos presos.
Desumana
Por parte da comissão, a unidade foi considerada desumana e sem condições de abrigar presos. A capacidade da delegacia é para oito pessoas e estava com 53 detentos, todos presos em flagrante ou com prisões preventivas.
Segundo Rafael Vianna, delegado de Alto Maracanã, a superlotação é momentânea, até que celas modulares, prometidas para este semestre, sejam instaladas. O delegado informou que espera decisão da Secretaria de Segurança as transferências dos presos a outras delegacias.
Situação assustadora
As instalações da delegacia assustaram a comissão da OAB. O advogado Maurício Dieter, membro da comissão, disse que a situação é insustentável. A unidade, segundo o advogado, não tem espaço adequado para abrigar o contigente de presos. Há detidos que estão em corredores e outros em salas.
O advogado disse que o relatório será remetido às autoridades, denunciando as condições da carceragem. A OAB cobra alternativas para o esvaziamento da delegacia e o cumprimento mínimo do que prevê as leis de execuções penais. “Nenhum dos presos foi condenado. Eles vivem em condições subumanas. Não é possível o Estado continuar a permitir uma situação como essa”, avaliou.