O advogado dos quatro presos acusados da morte de Tayná Adriane da Silva, 14 anos, em Colombo, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído depois de uma confusão durante a oitiva dos clientes na Secretaria de Segurança Pública, na noite de sábado (13)

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O advogado conta que acompanhou os depoimentos dos presos na quarta-feira (10) pela Ordem dos Advogados do Brasil, na sexta (12) pela manhã na Corregedoria da Polícia Civil, na sexta à tarde pelos médicos do Instituto Médico Legal, e na sexta à noite, até as 3h de sábado, no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco.

 

No sábado, Roberto conta que só foi avisado que os presos seriam ouvidos novamente dez minutos antes do horário marcado. Ele foi até Araucária, pensando que a oitiva seria na Casa de Custódia, quando foi informado de que os depoimentos eram tomados na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. Chegando lá, descobriu que, na verdade, os presos estavam na Secretaria de Segurança Pública.

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“Quando eu cheguei os presos já estavam sendo ouvidos há bastante tempo. Eu fiz contato com a OAB e pedi que fosse anulada a parte que foi ouvida sem a minha presença, e que tudo começasse novamente. O Dr. Rafael Viana ficou fora de si”, conta.

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De acordo com o advogado, a oitiva então recomeçou, e quando Adriano Batista era ouvido, ele orientou o cliente a se manter em silêncio, porque poderia apenas se manifestar em juízo. Ele garante que os policiais se irritaram e sugeriram a Adriano que soltariam ele caso ele destituísse o advogado.

“Eles me mandaram sair da sala. Quando eu tentei falar com os outros presos, eles abaixaram a cabeça e começaram a chorar. Em pouco tempo já disseram que eu não podia mais falar com eles e mandaram nove policiais me escoltarem para fora do prédio”, afirma.

O delegado Rafael Vianna nega as acusações feitas pelo advogado.

“De forma alguma isso aconteceu. As medidas usadas foram legais e dentro da ética e moralidade da minha parte. Tudo está filmado e sobre tudo o que este advogado falar sobre minha atuação, irá responder judicialmente”, ressalta.

Ele e o delegado Guilherme Rangel, responsáveis pela investigação do caso Tayná, lembraram também que todos os procedimentos são acompanhados por representantes da OAB e do Ministério Público, para ter o máximo possível de transparência.

“O comportamento desse advogado ontem foi muito estranho, porque ele não queria nem que os presos falassem que eram inocentes. Não queria que eles falassem absolutamente nada”, acrescenta Rangel.

Os delegados não deram mais detalhes sobre a investigação porque o caso corre em segredo de Justiça. Para Roberto, a Polícia Civil aparentava estar com pressa de encerrar o caso. A vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos nacional da OAB, a advogada Isabel Kugler Mendes, também percebeu essa “afobação”.

Ela não acompanhou as oitivas, que já contavam com a presença de representantes estaduais da OAB, mas viu toda a confusão do lado de fora.
“Os presos estavam dando depoimento a três ou quatro dias ininterruptos. Foi tudo muito tumultuado. Já era quase 21h de sábado quando a situação ficou tensa. Eu nunca tinha visto o que aconteceu lá. Houve um desentendimento entre as autoridades”, lamenta.