Caso Tayná

Suspeito do crime é internado e caso tem novo delegado

Os quatro suspeitos de ter matado a adolescente Tayná Adriane da Silva, 14 anos, encontrada morta em 28 de junho, afirmaram ontem, a integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que foram torturados nas delegacias do Alto Maracanã, em Colombo, e na de Araucária.

Os relatos de agressões também foram feitos a funcionários da Casa de Custódia de Curitiba (CCC) quando passaram pela triagem antes de entrar na unidade, na quinta-feira da semana passada. “Eles falaram que foram agredidos. Não temos o laudo do exame de corpo de delito que eles fizeram no IML no dia 1.º de julho. Chegaram aqui no dia 4, só com o protocolo do exame”, afirma Edwaldo Willis de Carvalho, diretor da CCC, que já encaminhou à diretoria do Departamento de Execução Penal (Depen) relatório sobre as agressões sofridas pelos presos antes de entrarem na CCC.

Fábio Alexandre
Isabel: “barbarizados”.

Exame

O resultado do exame de corpo delito nos quatro suspeitos feiro posteriormente confirma que os presos foram agredidos, conforme Carvalho e o diretor do Depen, Maurício Kuehne. A secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos abriu sindicância para apurar se houve agressão aos presos.

Adriano Batista, 23 anos, foi transferido para o Complexo Médico Penal (CMP). Com sangramento agudo no ânus e sem se alimentar, o suspeito não tem previsão de alta. De acordo com Isabel Klüger Mendes, integrante da Comissão, o jovem teve um objeto perfurante introduzido no ânus. “Foram barbarizados, todos relatam em detalhes a tortura. Eles foram convidados a prestar esclarecimentos na delegacia do Alto Maracanã e dali não saíram mais e já foram submetidos às agressões”, acrescenta Isabel.

Os suspeitos confirmaram ter sofrido agressões em Colombo e em Araucária, mas isentaram os policiais do Centro de Operações Especial (Cope) e funcionários do Centro de Triagem (CT2) de Piraquara. “Em Colombo, foram agredidos por policiais, em Araucária um preso de confiança, chamado Patrick, foi o agressor e causou essa lesão que levou Adriano para o hospital”, contou Isabel.

Separados

Por precaução, os suspeitos foram separados em dois grupos e uma dupla encaminhada à Delegacia de Araucária e outra para a unidade de Campo Largo, logo depois que o corpo de Tayná foi encontrado. Sérgio Amorim da Silva Filho, 22, Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, e Ezequiel Batista, 22, foram ouvidos pelos membros da comissão separadamente.

Conclusão precipitada

O secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, afirmou que a polícia se precipitou ao concluir o inquérito, finalizado sexta-feira pelo delegado Fábio Amaro, que assumiu as investigações nas férias do delegado Silvan Pereira, titular da delegacia do Alto Maracanã. Depois da polêmica, Silvan foi chamado ao trabalho.

Em nota, o Ministério Público informou que pediu, ontem, investigações complementares à polícia e documentos ao Instituto de Criminalística. As denúncias sobre tortura dos suspeitos serão investigadas em procedimento independente. A nota avisa que mais detalhes sobre o caso não serão divulgados porque os autos tramitam em segredo de Justiça, em razão da natureza do crime (crime contra a dignidade sexual), bem como a qualidade da vítima (vítima adolescente).

Crime

Tayná desapareceu na terça-feira, 25 de junho, e dois dias depois os quatro funcionários do parque de diversões foram detidos, e o corpo foi encontrado na sexta-feira, em um poço próximo ao parque. O cadáver completa,mente vestido, estava com um cadarço amarrado no pescoço. Antes de Tayná ser encontrada, os detidos confessaram ter matado e estuprado a adolescente, mas análise da perícia não indicou violência sexual. O esperma encontrado nas roupas da vítima não é compatível com nenhum dos presos.

Mal-entendido

Os integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB reclamaram da interferência no trabalho quando chegaram à Casa de Custódia de Curitiba (CCC) para ouvir os detidos. Eles reclamaram de não ter acessos aos presos. “Nunca a Comissão de Direitos Humanos foi impedida de trabalhar. Este é um direito que nos cabe”, reclama Isabel Klüger Mendes, integrante da Comissão.

O diretor do Departamento de Execução Penal (Depen), Maurício Kuehne, que foi até a CCC disse que a situação não passou de um mal-entendido. Por a comissão não ter agendado horário, por segurança dos integrantes eles não poderiam entrar. Pouco tempo depois, a entrada foi autorizada.

Novo delegado

No meio da tarde, a reportagem do Paraná Online apurou que o delegado titular do Núcleo Metropolitano da Denarc, Guilherme Rangel, foi escolhido para assumir as investigações do caso Tayná.

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