Boletim

Surto de hepatite A em Curitiba: já são 366 casos e cinco mortes confirmadas

Curitiba está com alta nos casos de Hepatite A. Foto: Luiz Costa/SMCS

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba divulgou, nesta segunda-feira (1º), novo boletim epidemiológico da Hepatite A, que registra mais 13 casos na cidade no período de uma semana. De janeiro a 28 de julho, foram confirmados 366 casos, cinco óbitos e um transplante hepático em decorrência da Hepatite A na capital paranaense, o que configura surto da doença em Curitiba. No mesmo período de 2023, somente cinco casos haviam sido confirmados na cidade.

O inquérito epidemiológico realizado pelas equipes da SMS e do Programa de Epidemiologia Aplicada do Sistema Único de Saúde (EpiSUS), do Ministério da Saúde, identificou que o surto tem transmissão de pessoa a pessoa e que a principal fonte de contaminação é sexual, com prevalência de confirmações em homens jovens, entre 20 e 39 anos.

“Nossa principal orientação é adotar hábitos preventivos, principalmente a higiene das mãos, genitália e região anal antes e depois de práticas sexuais”, orienta o diretor do Centro Municipal de Epidemiologia, Alcides Oliveira.

Historicamente, a transmissão da Hepatite A estava ligada a condições de saneamento e à ingestão de água ou alimentos contaminados, sendo mais comum em crianças, por não adotarem a higiene frequente e cuidadosa das mãos. Presente nas fezes contaminadas, o vírus é transmitido pelo contato de fezes com a boca.

Nas crianças, geralmente é uma doença benigna, facilmente tratada. Já em adultos, a Hepatite A tende a ser mais grave, inclusive com a necessidade de internação hospitalar, situação que se apresenta no surto enfrentado em Curitiba.

Números

Dos 366 casos confirmados, 220 foram internados (60%) e 12 (3,2%) precisaram de cuidados intensivos em UTI. A maioria das confirmações, 73%, atinge homens (267) e 27% são em mulheres (99).

Bloqueio

Com o objetivo de barrar a transmissão para mais pessoas, a SMS aguarda a chegada de vacinas para bloqueio de casos, ou seja, serão vacinados os contatos familiares e sexuais daqueles que tiverem a confirmação da Hepatite A nos últimos 15 dias.

“A estratégia de vacinação está sendo definida esta semana e será aplicada assim que chegarem as novas doses enviadas pelo Ministério da Saúde”, explica Alcides Oliveira.

Desde 2014, a vacina contra Hepatite A está disponível no calendário nacional de vacinação do SUS para crianças de 1 a 4 anos, aplicada nas Unidades de Saúde. Os endereços podem ser conferidos no site Imuniza Já Curitiba.

Para adultos, somente casos específicos, como pessoas vivendo com HIV/Aids, doadores de órgãos sólidos, transplantados, entre outras situações podem receber a imunização pelo SUS. Nesses casos, a vacinação é feita nos Centros de Referência de Imunológicos Especiais (Crie), do Governo do Estado.

Sintomas

Entre os sintomas mais frequentes, estão a falta de apetite, mal-estar geral, enjoo, febre e fadiga, além da evolução para olhos e pele amarelados, urina escura e fezes esbranquiçadas.

Os sintomas iniciais podem ser confundidos com os de muitas viroses. Para o diagnóstico diferencial, é essencial que a pessoa procure atendimento de saúde. Se apresentar sintomas leves, a pessoa pode buscar atendimento pela Central Saúde Já, ligando para 3350-9000.

“O jovem tem a tendência de minimizar sintomas e se automedicar. No caso da infecção pela hepatite A, isso pode prejudicar o fígado, que já está fragilizado pela doença, e pode ser determinante no agravamento da situação de saúde da pessoa”, alerta o médico da SMS.

Prevenção nas relações sexuais

  • A principal forma de prevenção é a higiene, tanto na lavagem das mãos com água e sabão antes de comer e depois de ir ao banheiro, como nas práticas sexuais, que precisam de cuidados de higiene e também devem ser protegidas.
  • Uso de preservativo interno ou externo nas relações sexuais;
  • Higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais;
  • Higienização de vibradores, plugs anais e vaginais ou outros acessórios utilizados para as práticas sexuais;
  • Utilização de barreiras de látex durante o sexo oro/anal e luvas/dedeiras de látex para práticas como dedilhado ou “fisting”;

Outras formas de prevenção

  • Lavar constantemente as mãos, principalmente após o uso do sanitário e antes do preparo de alimentos;
  • Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por pelo menos 10 minutos;
  • Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
  • Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
  • Usar instalações sanitárias;
  • Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
  • Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios.
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