Suspeita de maus tratos

Sumiço de vira-latas em praça de pedágio vira investigação policial

tutora procura cachorra
Tutora procura por cachorra desaparecida há um mês. Foto: Átila Albert / Tribuna do Paraná.

O que fizeram com a Oreo? Essa é a pergunta que a tutora de uma vira-latas tem feito a si mesma desde que, no final de semana, recebeu informações sobre o paradeiro de sua cachorra, que tinha sumido há aproximadamente um mês. A última vez que ela foi vista foi na primeira praça de pedágio da BR-376, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. A suspeita é de que funcionários da concessionária teriam visto a cadela e sumido com ela. Depois de dias de buscas, Oreo foi achada, mas ainda assim o sumiço virou caso de polícia.

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Luana Xavier Negoceki, de 25 anos, é a tutora da Oreo, que tem pouco mais de um ano. Ela fugiu no momento em que seu tutor abriu o portão parar entrar com o carro em casa, sem que ele percebesse. “Antes, nós morávamos em condomínio fechado e ela passeava pelo condomínio, pois não havia risco algum, mas nos mudamos. Ela saiu quando o carro estava entrando, não percebemos, e ela não conseguiu voltar”.

Desde então, o casal começou a procurar pela cadela no entorno do bairro Uberaba, de onde ela escapou, e até em outros bairros próximos e mais distantes. “Espalhamos cartazes, postagens pelas redes sociais e não desistimos de procurá-la um só dia. Até do outro lado da cidade, no bairro Boa Vista, nós fomos. Mas foi tudo em vão”, contou Luana.

Com a repercussão do sumiço da cachorra, muitas pessoas se ofereceram a ajudar o casal a achá-la e foi no final de semana que eles tiveram uma pista concreta de onde estava Oreo. “Nos avisaram que tinham visto ela na praça de pedágio. Quando vi a foto, na hora identifiquei que era realmente ela. Liguei para o 0800 e me informaram que realmente ela esteve lá, mas me disseram que a tinham levado para uma área segura, pois ali ela corria riscos”.

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Luana disse que foi até esse ponto onde os funcionários da concessionária informaram, mas não encontrou nada, nem sequer alguém que a teria visto. A tutora começou a suspeitar de que alguma coisa poderia ter acontecido com Oreo. Ao entrar em contato com a concessionária novamente, cada vez uma informação diferente era repassada.

Onde Oreo foi levada?

Enquanto buscava por uma informação concreta do paradeiro da cadela, Luana recebeu um alerta que a deixou ainda mais preocupada. Um comentário em uma de suas postagens uma pessoa disse: “um amigo meu trabalha lá e falou que mandaram um empregado largar ela no mato”, denunciou. A tutora chegou a receber um áudio de uma pessoa explicando que a cachorra tinha, sim, sido abandonada.

A partir dessa informação, a tutora entrou mais uma vez em contato com a concessionária, que não passou mais nenhum detalhe sobre a situação. A empresa disse que só poderia fornecer as imagens das câmeras de monitoramento se a Polícia Civil solicitasse. “Foi aí que resolvemos procurar a delegacia, porque começamos a acreditar que sumiram com a Oreo, ou jogaram mato, ou alguém pegou e não sabe que estamos procurando por ela”.

Além da informação de que Oreo pode ter sido abandonada no mato, Luana também soube que os funcionários da praça de pedágio tinham sido orientados a não alimentarem a cadela. “Se foram orientados, significa que estavam tentando, pelo menos, cuidar dela até que descobrissem se ela tinha dono ou se era de rua. Fizeram na maldade e agora queremos uma resposta sobre o que fizeram com nossa cachorrinha”.

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Depois de pelo menos três dias de desespero, já que a possibilidade de Oreo estar em apuros era ainda maior, a tutora conseguiu achá-la nesta terça-feira (12). A cachorra estava num posto, às margens da BR-376, mesma rodovia onde antes ela estava na praça de pedágio, de onde sumiu.

Após dias de muita angústia, Oreo finalmente foi encontrada, mas caso segue na polícia. Foto: Arquivo Pessoal.

E o que diz a concessionária?

A concessionária responsável pelo pedágio citado por Luana é a AutoPista Litoral Sul. Procurada pela reportagem da Tribuna do Paraná, a concessionária explicou que tem registro de ocorrência de afugentamento de cão – com característica similar à mencionada pela reportagem, na noite do último sábado (9), na região da praça de São José dos Pinhais (BR-376).

Segundo a AutoPista, o animal estava sem identificação e “por esse motivo, foi realizado procedimento de afugentamento. Essa prática é adotada para afastar o animal dos arredores da pista quando o mesmo encontra-se em condição saudável e sem identificação, a fim de evitar um possível acidente”, diz a nota.

Ainda conforme a concessionária, “os tutores são responsáveis por seus animais de estimação e a incidência deles nas rodovias é um risco grave para segurança de todos”.

Polícia Civil vai investigar

Luana fez um BO na tarde desta segunda-feira (11), na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) de Curitiba. Segundo o delegado Matheus Laiola, uma equipe vai apurar de perto a situação para entender o que de fato aconteceu com a cadela. “Nós vamos atrás dessas imagens das câmeras e queremos que, pelo menos, a concessionária nos dê um posicionamento sobre o que foi feito com a cachorra. Se foi o que aconteceu, eles não poderiam ter simplesmente a deixado abandonada no mato”.

Conforme o delegado, caso os investigadores da DPMA descubram que realmente Oreo foi abandonada no mato, os responsáveis vão responder criminalmente. “Tanto quem abandonou a cachorra no mato como quem mandou que isso fosse feito. Vale dizer que isso é maus-tratos”, alertou Matheus Laiola, destacando que a concessionária tentou jogar a culpa no tutor. “Cachorro pode acabar fugindo mesmo, não é assim que as coisas acontecem e, por isso, vamos intimar os responsáveis”.

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