Suinocultores paranaenses independentes distribuíram 3 mil quilos de carne suína no Centro de Curitiba, no final da manhã desta quarta-feira (13), em protesto ao alto custo de produção e de insumos utilizados para a criação dos animais. Segundo a Associação Paranaense de Suinocultores (APS), responsável pela manifestação, o objetivo era conscientizar a população e o poder público de que o setor está “quebrado”, acumulando prejuízos de cerca de R$ 300 reais por suíno, principalmente pela alta no preço do milho, principal alimento de engorda dos animais. No Paraná são cerca de 20 mil pequenos produtores em suinocultura de sobrevivência que podem ter suas rendas comprometidas por conta da crise no setor.
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“Fazemos parte hoje de uma indústria quebrada. Estamos pagando R$ 300 reais por cabeça para produzir. Não vamos aguentar esses valores por muito mais tempo”, lamenta o presidente da APS, José Dariva. “É uma forma de mostrar que a situação não está fácil, mas com a ajuda da população, agora com a Páscoa com as pessoas indo ao mercado e comprando carne suína, com certeza irão ajudar as pessoas que trabalham na granja a terem serviço”, pediu.
De acordo com ele, a mobilização foi organizada com mais de 100 outros produtores independentes de todo o Paraná, que saíram de várias cidades como Marechal Cândido Rondon, Toledo e Cascavel e se reuniram na Boca Maldita, no Centro de Curitiba. A organização informou que as três toneladas de pernil suíno congelado foram doados para instituições de caridade na capital, como APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Pequeno Cotolengo, Asilo São Vicente e Comunidade Torres.
Crise no setor
“Além do problema econômico para os produtores pequenos e independentes, essa crise também acarretará, a longo prazo, em uma evasão no campo, já que o setor emprega milhares de pessoas no agronegócio paranaense. Com esse protesto, queremos conscientizar as pessoas e incentivar o consumo de carne suína”, acrescenta o suinocultor. Atualmente, segundo Dariva, são em torno de 6 mil produtores comerciais no Paraná, além de 20 mil pequenos produtores em suinocultura de sobrevivência.
No manifesto entregue à imprensa, a APS também pede que o Governo Federal repactue as dívidas dos suinicultores e que mantenha um estoque regulador de milho para os pequenos produtores.
Suinocultura paranaense
O estado do Paraná é o segundo maior exportador de carne suína no Brasil, atrás apenas de Santa Catarina. A proteína animal representa 17% de todo o montante de exportações negociadas pelo estado, segundo dados do Ministério da Agricultura. Em 2021, o estado bateu recorde no abate de suínos, mas os altos preços dos custos de produção têm prejudicado o setor.
Na opinião do colunista da Tribuna do Paraná, Carlos Guimarães, autor da coluna Rural & Urbano, além do alto preço dos insumos, o encarecimento da energia elétrica e da ração também tem atrapalhado a viabilidade da indústria.
“Os pecuaristas precisam, junto com entidades do setor e órgãos governamentais, fomentar o consumo desta carne que é saudável e bem mais barata que a carne bovina, por exemplo”, analisa o autor da coluna “‘Rural & Urbano”. Nesta coluna, por sinal, Guimarães destaca os benefícios da carne suína, muitas vezes injustiçada na mesa do brasileiro.
Um caminho levantado pelo colunista para o setor seria a inclusão da carne suína no cardápio das famílias, bem como nas merendas escolares. “Isso já seria uma importante ajuda para a atividade, que emprega milhares de pessoas, literalmente, nos 399 municípios do Paraná. Em bom português, todas as cidades do estado produzem suínos e garantem renda para as pessoas e ajuda a movimentar a economia local”, completa Guimarães.