Educação

Startup de Curitiba cria tecnologia para detectar bullying nas escolas

Startup cria tecnologia para monitorar bullying nas escolas. Foto: Deposit Photos

Quatro em cada 10 estudantes brasileiros já sofreram alguma forma de bullying na escola, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) de 2019, O estudo, realizado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 40,5% dos jovens já se sentiram humilhados ou ofendidos por colegas.

O bullying é a prática de agressões repetitivas contra alguém, sejam elas físicas, verbais ou psicológicas, com a intenção de humilhar, intimidar ou excluir. O fenômeno é particularmente associado ao espaço escolar, mas ele também ocorre em ambientes de trabalho e, já não é de hoje, nas redes sociais – o chamado cyberbullying.

E é nas redes sociais que o problema tem se intensificado, uma vez que elas potencializam a exposição da vítima e o alcance das ofensas. Fatores como possibilidade de anonimato e uma aparente impunidade podem encorajar comportamentos agressivos. A geração Alpha – surgida após 2010 – já nasceu imersa nesse mundo digital e é especialmente vulnerável a essa realidade.

+ Leia mais: Programa Valor Social tem R$ 1 milhão para projetos sociais; veja como participar

Diante desse cenário, a edtech paranaense Icapiedu desenvolveu uma plataforma inovadora que utiliza inteligência artificial para auxiliar na identificação e combate ao bullying nas escolas. A solução, que já teve sua usabilidade validada por diretores escolares de instituições nas quais foi testada, avança para validações clínicas e mercadológicas junto ao Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) e ao InovaHC, núcleo de inovação tecnológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Gamificação com chatbot

A plataforma da Icapiedu – disponível em smartphones e desktops por meio de um app – funciona como um “farejador de bullying” digital, utilizando elementos de gamificação como trilhas interativas, desafios reflexivos e conquistas para identificar casos na escola. Por meio de um chatbot, o i-Capy, que traz a personagem Capy (uma capivara simpática) para interação, os estudantes alfabetizados – de qualquer idade dentro da escola – são guiados em uma jornada educativa antibullying, que promove o engajamento e a identificação de comportamentos de risco. Isso ocorre quando estão em momentos de reflexão ou sozinhos, por notificações da plataforma.

Durante a “brincadeira”, a Capy interage com os estudantes, propondo desafios e perguntas socioemocionais. As respostas e interações são analisadas por algoritmos que identificam sinais de possíveis situações de bullying.

+ Veja também: Fábrica de torresmo no Paraná quer atropelar salgadinhos tradicionais

“A tecnologia se adapta à faixa etária dos estudantes, utilizando linguagem e recursos visuais adequados para cada etapa do desenvolvimento”, ressalta Gustavo Henrique Soares Tedesco, CEO da Icapiedu.

As interações dos alunos com a plataforma geram dados que são analisados pela IA, que identifica padrões e comportamentos que podem indicar situações de bullying, explica.

A IA analisa os dados coletados e classifica os casos em uma escala de severidade, separando-os em três níveis: conflitos, bullying constante e casos graves. O algoritmo acompanha o progresso de cada caso, permitindo uma intervenção mais precisa e eficaz.

Amaury Dudcoschi Junior (CTO) e Gustavo Tedesco, CEO da Icapiedu. Crédito: Divulgação.
Amaury Dudcoschi Junior (CTO) e Gustavo Tedesco, CEO da Icapiedu. Crédito: Divulgação.

Dados encaminhados para escolas e pais

A Icapiedu separa a jornada do seu programa de acordo com a necessidade de cada aluno e instituição. A plataforma oferece, por exemplo, até mesmo cursos online para professores e gestores escolares, com estratégias práticas para lidar com o bullying no dia a dia e em situações críticas.

Já com os dados analisados pela gamificação, é criado um painel que é disponibilizado para a coordenação pedagógica e a direção da escola. Nele, são apresentadas informações sobre os casos identificados, os níveis de bullying e as recomendações de intervenção.

Em casos graves ou gravíssimos, identificados pela escala de severidade do algoritmo, a plataforma conecta os alunos e suas famílias a profissionais de saúde mental, caso a escola julgue necessário. Um marketplace integrado à plataforma permite acesso a psicólogos e outros profissionais qualificados.

A Icapiedu também informa os pais por meio da escola, garantindo sua autonomia, com comunicações feitas diretamente pela plataforma e com materiais educativos sobre bullying. Eles também recebem orientações para apoiar emocionalmente os filhos em casa. “Isso permite que os pais acompanhem o desenvolvimento socioemocional de seus filhos e recebam alertas sobre possíveis casos de bullying”, destaca o CEO.

Tedesco acredita que o combate ao bullying exige a participação de toda a comunidade escolar. Por isso, em seus cursos dentro da Icapiedu, a startup oferece um módulo específico para pais, com informações sobre como identificar sinais de bullying e como agir em cada situação. “Se não trabalharmos com os pais, todo o nosso esforço será em vão”, reflete.

>>> Leia a matéria completa no Gazz Conecta

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna