Um número cada vez maior de imigrantes haitianos, em situação regular, tem procurado os postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) nas ruas da cidadania da Prefeitura de Curitiba. Nos primeiros nove meses deste ano, 407 trabalhadores estrangeiros inscreveram-se nos postos do Sine Curitiba. Em 2013 (de janeiro a dezembro), foram 269, ou seja, um aumento de 51%.
O Brasil tem sido o principal destino dos haitianos e somente Curitiba tem 2,5 mil imigrantes daquele país registrados na Polícia Federal. A Assessoria de Direitos Humanos da Prefeitura de Curitiba trabalha com um número maior, com a estimativa de 4 mil haitianos morando em Curitiba e região metropolitana.
O Haiti está assolado pela miséria, agravada em 2010 quando foi atingido por um terremoto. A opção de busca de uma vida melhor para muitos tem sido fora de seu país.
“O atendimento aos haitianos tem sido realizado de forma pioneira pela Prefeitura de Curitiba. Com relação ao trabalho e emprego, a secretaria tem realizado feiras com intérpretes para melhor atendê-los e parcerias que visam facilitar a intermediação de mão de obra e a oferta de cursos. Conforme a lei, os haitianos legalizados têm os mesmos direitos trabalhistas do que os brasileiros” diz a secretária do Trabalho e Emprego e Vice-Prefeita Mirian Gonçalves.
Em Curitiba, muitas empresas tem encontrado nesses trabalhadores uma boa opção de mão de obra. É o caso da Viação Pluma, com sede no Pinheirinho, que emprega três haitianos, contatados através do Sine Curitiba. “São trabalhadores assíduos, pontuais e extremamente profissionais”, diz Marcos de Salles, técnico de segurança de trabalho da Pluma.
Apesar das dificuldades encontradas, como a língua, as diferenças culturais, a falta de tempo e de dinheiro para o lazer e a distância de familiares e amigos, muitos afirmam gostar do Brasil. “Quando se tem emprego, o Brasil é o melhor dos países”, diz Junould Joseph que entrou no Brasil por Rondônia há seis meses e, com intermediação do Sine, está empregado na construção civil, com todos os direitos.
O estrangeiro tem os mesmos direitos trabalhistas de um trabalhador natural do Brasil, como 13º salário, FGTS e férias de 30 dias, entre outros. Também vale destacar a jornada padrão de 8 horas diárias ou 44 por semana, com um dia de folga, preferencialmente aos domingos.
Kelly Cledor, de 29 anos, está há sete meses no Brasil. Indicado por conterrâneos, fez a ficha do Sine e logo foi chamado. “Aqui sou bem tratado. O emprego é bom e já fiz amigos. Quero ficar”, diz animado. Evens Gonaives, de 35 anos, surpreendeu os chefes. Contratado para montagem de câmbio, revelou ser um mecânico profissional. “Estamos satisfeitos com o trabalho deles. Conhecem o serviço, executam com perfeição as tarefas e, apesar de estarem no posto de ajudantes, podem ser considerados profissionais”, diz o chefe deles, o gerente de manutenção da Pluma, Robson Costa.
Ligean Corvie deixou mulher e filho de 1 ano no Haiti. “O emprego me permite enviar todo o mês recursos. Isso me anima estar no Brasil, apesar da saudade e da distância”, diz ele, que sonha trazer toda a família para Curitiba. “Eles vão gostar. Aqui é outro mundo”, afirma.
Emprego
O primeiro passo para conseguir um emprego é ter em mãos a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Para emissão da CTPS, o trabalhador estrangeiro com estada legal no País deve dirigir-se à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Lá ele também recebe orientação acerca dos documentos necessários. O endereço é: Rua José Loureiro, 574, Centro. Telefones: 3901-7508 e 3901-7509.
Após a emissão da mesma, o trabalhador estrangeiro pode dirigir-se à sede da Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego para cadastrar-se no SINE e ser encaminhado para uma oportunidade de trabalho.
O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 9h às 17 horas, na Rua da Glória, 3,62, 5º andar. Os telefones de contato são: 3221-2926 e 3221-2924. Se preferir, o trabalhador pode se dirigir a um dos postos do SINE em qualquer Rua da Cidadania.