Com a intenção de manter a transparência durante as investigações do caso Tayná, o delegado geral, Marcus Vinicius da Costa Michelotto, determinou que o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) faça uma intervenção na Delegacia do Alto Maracanã, onde trabalha a equipe que efetuou a prisão dos primeiros quatro suspeitos.
Todos os funcionários da delegacia, desde investigadores até escrivães e estagiários, serão transferidos para outras unidades. A intervenção iniciou na manhã deste domingo (14), quando a equipe do Cope fez uma operação “bate grade” nas celas que tem espaço para 18 presos, mas mantinham 34.
12 presos já condenados foram transferidos para o sistema penitenciário, para evitar qualquer possibilidade de rebelião. Oito policiais do Cope permanecerão por alguns dias na delegacia para cuidar do prédio e dos presos.
Os inquéritos serão agora de responsabilidade do delegado Erineu Sebastião Portes, titular da delegacia sede de Colombo. Depois do período de intervenção, investigadores nomeados recentemente através do último concurso público assumirão as funções no Alto Maracanã.
O atendimento ao público continuará ocorrendo normalmente. Ainda não foi confirmado se Erineu Portes permanecerá como titular do Alto Maracanã após a saída da equipe do Cope.
Também não se descarta a possibilidade de acontecerem intervenções nas outras delegacias por onde os quatro presos acusados da morte de Tayná passaram, e denunciaram que foram torturados.
Tortura
De acordo com a advogada e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Isabel Kugler Mendes, foram confirmadas torturas contra os quatro suspeitos no Centro de Triagem II, na Delegacia do Alto Maracanã, na Delegacia de Campo Largo e na Delegacia de Araucária.
Ela descartou qualquer tipo de agressão na Casa de Custódia, onde os presos estão atualmente, e no Cope. “Ouvimos o depoimento deles e vimos os sinais de tortura. O estado mais grave é do Adriano, mas ele já saiu do Complexo Médico Penal e foi ouvido no sábado na Secretaria de Segurança Pública. Ele me disse que está melhor, que foi medicado e está sendo tratado bem agora”, detalha.
O advogado destituído pelos presos no sábado, Roberto Rolim de Moura Júnior, contraria a constatação dos representantes da OAB, e garante que os suspeitos sofreram agressões de policiais do Cope.
“Ameaçaram jogar eles no lago no fundo do Cope. Na terça-feira, quando voltavam com o Sérgio do litoral, colocaram ele no acostamento e pisaram nele. Ele chegou em Curitiba vomitando”, garante.
O delegado Amarildo Antunes, titular do Cope, nega estas acusações do advogado e afirma que nenhuma agressão foi feita aos presos enquanto eles estiveram sob sua custódia.
Ele lembra que tem como testemunha de que os presos estavam bem as pessoas que foram até o Cope para ouvir os suspeitos na semana passada, entre eles a perita Jussara Joeckel.