Moradores de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, sofrem com a falta de água há quatro dias, desde segunda-feira (18). A pior estiagem dos últimos 23 anos, que provoca o sistema de rodízio no abastecimento da Sanepar, aliada ao crime ambiental do último fim de semana, que causou o vazamento de um oleoduto em São José dos Pinhais, prejudicam cerca de 40 mil pessoas na cidade.
Para tentar contornar a situação, a Sanepar está levando água potável de caminhão pipa para encher caixas de água instaladas em alguns pontos da cidade, onde a população pode se abastecer com baldes e outros recipientes. O problema é que esse descolamento força os moradores a saírem do isolamento social durante a pandemia. Há formação de filas nos locais – as autoridades de saúde orientam a população a evitar aglomerações para evitar o risco de contágio da convid-19.
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A professora Nilcéia dos Santos Correia, de 29 anos, moradora do bairro Estados, vêm sofrendo com a situação. Para tentar ter água para manter necessidades básicas, como higiene pessoal e alimentação dela e das filhas de 6 anos e um bebê de apenas dois meses, ela tentou coletar água da chuva com baldes em casa nesta sexta-feira (22). “Eu já tive uma crise de nervos com essa falta de água. Não sei mais o que posso fazer”, chora a professora.
Nilcéia chegou a entrar em contato diversas vezes com a Sanepar. A empresa de saneamento afirma que o abastecimento na região voltou ao normal nesta sexta-feira (22). Apesar disso, até 15h a água ainda não voltado para a torneira da casa de Nilcéia.
Apesar da água oferecida pela Sanepar em um caminhão pipa na paróquia Sagrada Família, Nilcéio tem dificuldade para conseguir se abastecer. “Não consigo sair de casa e deixar as crianças sozinhas. Não tenho condições de buscar água”, reclama. Por causa da falta de abastecimento, a fila na igreja tem dobrado quarteirões.
A dificuldade em buscar água é ainda mais complicada para a moradora Naiara Lima, de 33 anos. Cadeirante, Naiara é psicóloga e mora com a mãe, de 67 anos. Diante da crise, ela precisou apelar para as redes sociais para conseguir ter água em casa. “Foi extremamente humilhante. A última via é a gente se expor publicamente”, lamenta a psicóloga.
Porém, apesar da exposição, Naiara agradece todo o apoio que conseguiu. “Se não fosse a ajuda de pessoas que eu nunca vi na vida, eu estava sem banho e sem cozinhar. Agora, graças a Deus, consegui o suficiente para dois dias. É essa a real situação”, desabafa a moradora.
Captação emergencial
De acordo com a Sanepar, a estiagem severa provocou queda na vazão do Rio Despique, que abastece Fazenda Rio Grande. Por causa da falta d’água, a companhia resolveu implantar uma captação emergencial em cavas de extração de areia, para levar água até a unidade de captação do rio, melhorando assim o abastecimento na região.
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Porém, no último fim de semana, um vazamento criminoso de combustível no oleoduto da Transpetro, em São José dos Pinhais, levou a Sanepar a suspender a captação do Rio Despique, para evitar a contaminação da água por combustível. Com isso, parte do bairro das Nações, do Gralha Azul, Industrial, parte dos Estados e parte do Santa Terezinha e Veneza estão sem água.
A Sanepar não sabe informar quando a situação deve se normalizar na região. Em nota, a companhia informou que foi distribuída água diretamente para a população com caminhões-pipa em 10 pontos dos bairros afetados na última quarta-feira (20). Já na quinta-feira (21), a distribuição aumentou para 15 pontos.
Além disso, nesta sexta-feira (22), a Sanepar está colocando em funcionamento uma bomba maior nas cavas para aumentar a captação para 60 litros/segundo. Com essas ações, a companhia espera melhorar o fornecimento das regiões afetadas com a falta d’água.
Para evitar uma piora na situação, a Sanepar informou que suspendeu o rodízio previsto para começar na próxima quinta-feira (28) nos bairros Eucaliptos, Hortência, Iguaçu, parte das Nações, Santarém, parte do Santa Terezinha, Dos Estados, Jd. São Lourenço, Jd Brilhante, Jd Kokubo, Ipê.