Entre colisões, atropelamentos e outras ocorrências de trânsito, Curitiba registra uma média de 18 acidentes por dia — a grande maioria deles causados pelo excesso de velocidade e o desrespeito à sinalização, como explica o soldado Gerson Teixeira, do Batalhão da Polícia de Trânsito. Segundo ele, a imprudência é a grande responsável pelos incidentes da capital e, não por acaso, as avenidas e vias de maior movimento são as que mais concentraram casos ao longo de 2017.
E a campeã desse infeliz ranking é a Avenida Marechal Floriano Peixoto. A cada 50 acidentes registrados em Curitiba, um aconteceu na via que liga Curitiba e São José dos Pinhais. E ela não foi a única a ter altos índices de ocorrências, já que outras avenidas e ruas também somam números expressivos. Confira quais são.
Avenida Marechal Floriano Peixoto
Somente em 2017, foram 108 acidentes registrados somente na Avenida Marechal Floriano Peixoto — 1,8% de todos os registros da cidade. Isso significa que, a cada três dias, um acidente aconteceu em algum trecho da via.
De acordo com o soldado Teixeira, a extensão da rua contribui para que os números sejam altos — são cerca de 12,5 quilômetros —, mas a circulação de pessoas e veículos também são fatores de risco, já que existe comércio em praticamente toda a sua extensão. “Temos veículos diversos circulando, pedestres, ônibus, bicicletas. Então o transito é muito intenso em toda sua extensão e qualquer imprudência acaba acarretando em um acidente”, explica o policial.
Avenida Comendador Franco
A Avenida das Torres também teve um número bastante expressivo em 2017. Foram 96 acidentes ao longo de seus oito quilômetros no principal corredor entre Curitiba e o acesso ao Aeroporto Afonso Pena.
De acordo com o policial do Batalhão de Trânsito, a extensão e o fato de a avenida ter limite de velocidade superior às demais vias de Curitiba colaboram para o maior número de ocorrências. “ Ela foi alargada para a Copa do Mundo, o que aumentou ainda mais o fluxo”, aponta Teixeira. Segundo ele, os 70 km/h, aliado ao fato de conectar Curitiba tanto ao aeroporto quanto à BR-376 ajudam a explicar a segunda colocação.
Avenida Visconde de Guarapuava
Embora a Avenida Visconde de Guarapuava comece no bairro Cristo Rei, é somente depois do viaduto da Rua Ubaldino do Amaral é que a quantidade de veículos aumenta — e os problemas também. Em 2017, foram 90 acidentes na avenida que corta toda a região central. E, de acordo com o Batalhão de Trânsito, a largura da via e a grande circulação são as principais causas das ocorrências. “Mas também há uma grande quantidade de pedestres cruzando, o que sempre é um fator que aumenta o risco”, justifica o policial militar.
Segundo ele, na Visconde de Guarapuava são registrados muitos atropelamentos – o Batalhão não tem o número exato de acidentes dessa natureza -, e muitos ocorrem devido à desatenção tanto de motoristas como de pedestres. “Muitas vezes você vê as pessoas no celular. É uma fração de segundos para ter um acidente, e digitar ou falar no celular acaba ocasionando isso. Mas você também observa pedestres com fone de ouvido, cruzando uma pista e não mantendo a atenção ao cruzar a segunda. O descuido é fatal”.
Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira
São 14 quilômetros que margeiam o Contorno Sul desde o entroncamento com a Linha Verde até a Rodovia do Café (BR-227). Ao longo dessa extensão, foram registrados 83 acidentes em 2017 — a quarta maior marca entre as vias da cidade. Neste caso, conforme explicou o oficial do BPTran, a velocidade é o maior complicador da via, já que os condutores costumam entrar na avenida tão rápidos quanto estavam na rodovia.
Com a maior velocidade, o tempo de reação para cruzar a pista ou para entrar no sentido de circulação é reduzido, o que acaba causando mais incidentes.
Rua Mateus Leme
Envolvido em recentes polêmicas, a Mateus Leme integra o mais novo binário da cidade, em conjunto com a Rua Nilo Peçanha. São quase seis quilômetros de via entre o São Francisco e o Abranches, ligando o Centro de Curitiba à saída para Almirante Tamandaré.
Mas a implantação da via de mão única só foi feita em novembro de 2017, há cerca de dois meses, o que dificulta a análise do BPTran. Ainda assim, a Mateus Leme tem a quinta maior marca de acidentes em 2017, com 75 ocorrências.
De acordo com o soldado Teixeira, em sua configuração antiga, com dois sentidos, carros parados no meio da rua aguardando para fazer conversões eram comuns, o que dificultava a circulação e aumentava o risco de colisões, especialmente as traseiras. “Muitas vezes, o carro atrás não mantém uma distância segura e acaba colidindo antes de perceber que o veículo da frente vai fazer a conversão”, explica. Além disso, o alto número de carros de turistas e ônibus em direção aos parques da região ajuda a elevar as ocorrências.
Para ele, a implantação do binário deve causar uma diminuição nas ocorrências na via. “É muito recente e o ranking recente apontou para uma leve diminuição. Mas você elimina alguns fatores de risco, por isso acreditamos que os acidentes devem cair”.
Cruzamentos
Ao mesmo tempo em que as vias mais extensas registram o maior número de acidentes, os cruzamentos também representam um ponto bastante crítico nas ocorrências de trânsito em Curitiba. E a região central lidera o total de casos, sobretudo por causa da grande circulação de veículos.
O encontro entre as ruas Ostoja Roguski com a Doutor Jorge Meyer Filho, no Jardim Botânico, teve 10 acidentes em 2017. O trecho fica próximo ao acesso à BR-277, o que ajuda a explicar a alta concentração.
Confira as demais esquinas mais perigosas da cidade:
- Rua Ostoja Roguski com a Doutor Jorge Meyer Filho (Jardim Botânico) – 10
- Rua Raul Pompeia com a Avenida Juscelino Kubitschek (CIC) – 10
- Rua Itatiaia com João Tobias Pinto Rebelo (Portão) – 7
- Rua Pedro Claudino da Rocha com a Avenida Nova Esperança (Sítio Cercado) – 7
- Rua Francisco Ader com a Antônio Gasparin (Capão Raso) – 7
- Rua XV de Novembro com a 7 de abril (Alto da XV) – 7